Se você acompanha a Major League Soccer há pouco tempo, provavelmente não se deparou com a expressão “Lei Beckham“. Hoje, a “lei” já é comum, foi aprimorada, e tal expressão caiu em desuso. Entretanto, na temporada 2006/07, a chegada de David Beckham, somada a mudança nas regras de contratação, que ficou conhecida na época como a “Lei Beckham“, mudou para sempre a história da MLS. E, se por acaso, você passou a acompanhar a liga para acompanhar nomes como Frank Lampard, Steve Gerrard, Andrea Pirlo, David Villa, Thierry Henry, Zlatan Ibrahimovic ou outros, saiba que isso só tornou possível após a instauração da tal “lei” que levava o nome do meia inglês.
Tudo começa na temporada 2006/07. David Beckham estava no banco de reservas do Real Madrid, preterido por Fábio Capello. A insatisfação, claro, tomou conta do inglês, que, em fim de contrato, decidiu não renovar seu vínculo com o clube espanhol. Era o que o mundo do futebol precisava para iniciar uma chuva de especulações. Vários clubes da MLS e do mundo, de acordo com a imprensa na época, queriam levar o astro. Porém, para os americanos, uma coisa tornava tal negociação impossível: O teto salarial da liga.
Desde sua instauração, em 1996, a MLS estipulou um limite salarial para seus atletas, copiando o formato das outras ligas americanas. Mas como o futebol é diferente e o nível de atletas americanos no soccer não é tão bom quanto em outros esportes, a qualidade do jogo praticado não atraía os olhos do mundo, tornado a Major League Soccer um produto pequeno, dedicado apenas a um certo nicho. Algumas franquias, é verdade, possuíam dinheiro para contratar jogadores melhores, porém o teto salarial baixo não permitia que isso acontecesse.
No entanto, quando o Los Angeles Galaxy chegou a um acordo com David Beckham (um dos jogadores mais famosos do planeta até hoje), anos após sua aposentadoria, a liga não teve outra saída. A MLS precisaria se reinventar para abraçar um jogador desse porte. O Los Angeles Galaxy, na época, conseguiu uma parceria com empresários de Hollywood, que pagariam os salários astronômicos do jogador para que ele fosse jogar na América. O salário base do meia giraria em torno de US$ 6,5 milhões, números surreais para a liga na época. Estima-se que, durante sua estadia de cinco anos em Los Angeles, o jogador faturou mais de US$ 250 milhões.
O Galaxy, por sua vez, seria o maior beneficiado com a transferência, é claro. Mas os outros donos de franquias sabiam do fator positivo que a chegada do jogador faria. Por isso, quando a MLS instituiu a “Lei Beckham“, ninguém se opôs, pois todas as franquias poderiam se beneficiar disso. Surgia assim o que todos hoje conhecem como JOGADOR DESIGNADO, aquele que estaria apto a receber salários acima do teto da liga.
E se Beckham foi o primeiro, em 2007, saiba também que ele não foi o único. O Chicago Fire contratou o mexicano Blanco; o FC Dallas trouxe o brasileiro Denilson “Show”; e, o New York Red Bulls repatriou o americano Claudio Reyna e o colombiano Juan Ángel. Dali em diante, grandes atletas chegaram à Major League Soccer. Na época, apenas dois eram permitidos, mas o número foi ampliado para três alguns anos depois, com o crescimento do interesse global pelo campeonato. É bem verdade que, no inicio, apenas jogadores em fim de carreira eram contratados, mas esse é um tema para outro momento. Hoje, saiba que a chegada de David Beckham à MLS mudou, para sempre, a história e os rumos da liga americana de futebol.