A profissão de treinador de futebol tem ganhado cada vez mais importância. Se antes os “professores” eram figuras secundárias, que ficavam sempre na sombra de seus craques, atualmente alguns chegam até a ser popstars, como Guardiola, Mourinho e Klopp, e outros, em alguns casos, são mais famosos do que seus próprios jogadores, como Ancelotti, hoje técnico do Everton. Mas, todo esse barulho em volta dos “treineros” não é em vão. Os técnicos de futebol da atualidade se profissionalizaram e a grande maioria estuda muito, faz cursos, troca experiências e procura sempre evoluir.
A grande decisão do MLS is Back colocará frente a frente dois grandes técnicos dessa nova geração. Óscar Pareja, do Orlando City, tem 51 anos e começou sua carreira como treinador em 2012, quando assumiu o Colorado Rapids. No mesmo ano, mas longe dos grandes holofotes, Giovanni Savarese, 49 anos, também dava seus primeiros passos como head coach à frente do New York Cosmos. Daí em diante, os caminhos dos dois sulamericanos foram distintos. Enquanto Pareja se tornou um treinador consolidado no mercado norte-americano, chegando a trabalhar no México e vencendo uma Copa dos Estados Unidos com o FC Dallas em 2016, Savarese só chegou à Major League Soccer em 2018, quando deixou o Cosmos para assumir o próprio Timbers. Nos tempos de Cosmos, três títulos de segunda divisão. Assim que chegou à elite do Soccer, o técnico do Portland viu Pareja, então no Dallas, se juntar ao Tijuana/MEX e por lá ficar até aceitar o chamado do Orlando City.
Eis então que chegamos ao ano de 2020. Pareja volta aos Estados Unidos para assumir o Orlando City e Savarese vai para sua terceira temporada no Portland Timbers. As missões de ambos são distintas. Enquanto Óscar Pareja precisa dar uma identidade vencedora ao time da Flórida, Savarese tem que entregar melhores resultados, leia-se, títulos, para a ambiciosa franquia do Óregon.
ÓSCAR PAREJA – 51 anos (Colômbia)
2012/13 – Colorado Rapids (60j e 23v)
2014/18 – FC Dallas (193j e 87v) – Campeão da US Open Cup em 2016
2018/20 – Tijuana/MEX (49j e 23v)
2020/-— – Orlando City (8j e 4v)
Em uma entrevista recente ao Território MLS, o diretor de futebol do Orlando City, Ricardo Moreira, afirmou que a escolha por Pareja tinha o objetivo de dar uma identidade vencedora ao time. Os “Lions” investiram muito desde que entraram na MLS em 2015 mas nunca conseguiram resultados expressivos. Por isso, a nova direção de futebol do clube entendeu que, mais do que bons jogadores, era preciso ter um técnico que soubesse o caminho da vitória. “Esquecido” no México, Pareja surgiu como a escolha perfeita para conduzir um time talentoso, cheio de sul-americanos, e que precisava de um líder.
A liderança do técnico foi sentida já em março, nos dois primeiros (e até aqui únicos) jogos de temporada regular. Mesmo sem ter conseguido vencer nas duas partidas, notava-se que o Orlando City era outro time. Um time que buscava ter a bola, que procurava agredir o tempo todo e que sabia se posicionar em campo. Na estreia, contra o Real Salt Lake, o Orlando massacrou o adversário e, até hoje, ninguém sabe ao certo como aquele jogo terminou empatado em 0x0.
Veio a pandemia e o trabalho foi interrompido. Em Orlando, a sensação era de “chateação”, porque todos viam que um trabalho muito bom estava sendo construído. Recomeçar tudo no MLS is Back não seria fácil, mas um torneio de tiro curto poderia dar aos Lions o sucesso necessário para que o respeito das outras torcidas voltasse. E foi o que aconteceu: Pareja e sua comissão técnica deixaram os jogadores nos cascos e, mesmo quando não jogou bem, como foi na estréia contra o rival Inter Miami, o Orlando City venceu. Quando todos davam o Philadelphia como líder do grupo A, o time da Flórida foi melhor e garantiu a primeira posição. Nas oitavas, o time entrou como favorito pela primeira vez, diante de um combalido Montreal Impact, mas nas quartas, contra o LAFC, 99% das pessoas que acompanham à MLS cravaram que era o fim da linha para o time de Óscar Pareja.
O Orlando não só venceu, como também convenceu, assim como na partida semifinal diante Minnesota United. Pareja não precisou fazer grandes revoluções táticas para alcançar o sucesso. Bastou trazer novas idéias, uma mentalidade vencedora e posicionar bem o time em campo. Jogar com dois volantes à frente da área, nova tendência na liga, foi uma sacada genial. Dar liberdade aos homens de frente. E a intensidade pedida pelo treinador foi comprada por seu elenco e mesmo caras mais experientes e vencedores, como Luis Nani, estão com sangue nos olhos.
Se o título virá contra o Portland na final do MLS is Back, é difícil cravar, mesmo com o Orlando jogando um belo futebol. De qualquer maneira, o futuro dos Lions com Óscar Pareja no comando parece ser muito promissor.
Clique AQUI para a segunda parte da matéria falando to técnico do Portland Timbers, Giovanni Savarese.
(Foto: Arte/Território MLS)
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