Conforme informado aqui no Território MLS, o Atlanta United anunciou nesta terça (22) a contratação do meio-campista argentino Marcelino Moreno (25 anos), que se destacou no Lanús/ARG e chega como o 6° jogador designado da história da franquia da Geórgia, com o status de reposição ao também argentino Pity Martínez, que foi negociado com o futebol árabe.
De Mendoza até Atlanta: A trajetória de Moreno até a MLS
Nascido em San Martin/ARG, Moreno teve passagem pela base do Boca Juniores até chegar ao Lanús em 2015, de onde foi emprestado ao Talleres em 2016, em uma passagem rápida e discreta. Mas foi na temporada 2017/2018 que ele conseguiu se consolidar como titular na equipe de Lomas de Zamora, até sair como camisa 10 e principal jogador da equipe dirigida por Luis Zubeldía. O jogador de 25 anos deixa pela primeira vez a Argentina após 106 jogos com 6 gols e 13 assistências pelos granates.
De que forma joga o mais novo jogador dos 5-Stripes?
Não que o antigo dono da camisa 10 tenha deixado saudades no Mercedes-Benz Stadium, mas a pergunta que ronda a cabeça dos torcedores do Atlanta nesse momento é sobre o papel tático de sua nova aquisição e de como ele pode agregar ao time.
Com base na última temporada, o camisa 10 assumiu um papel mais central no campo, usando sua habilidade e dinamismo para receber a bola dos volantes em direção ao campo adversário, atuando como um construtor avançado de jogadas.
Porém como nos mostra o mapa de calor da temporada, ele consegue flutuar em direção aos lados do campo com extrema facilidade, dando amplitude e facilitando o jogo apoiado, que era uma ideia que o antigo treinador da equipe Rubro-Negra (Frank de Boer) não conseguiu implantar também por não ter sem seus quadros alguém com essa capacidade.
Como o jogo de Marcelino Moreno pode ajudar ao Atlanta United a ser competitivo novamente?
Moreno conseguiu impactar de forma mais intensa o jogo do Lanús de Zubeldía justamente quando o treinador o recuou para a faixa central do campo, fazendo com que este tivesse uma melhor visão do jogo e pudesse usar seu dinamismo para quebrar as linhas adversárias, seja com dribles ou passes, o que não apenas contribuiu para que sua equipe tivesse mais uma temporada sólida, como também o ajudou a evoluir seu próprio jogo, dando a ele mais formas de desequilibrar uma partida.
Stephen Glass (ou o próximo treinador do Atlanta) terá a sua disposição um tipo de jogador que faz falta desde os tempos de Darlington Nagbe, ou seja, um meio-campista que seja capaz de levar a bola ao ataque de maneira rápida e eficiente, fazendo fluir o jogo de uma equipe que tem sérios problemas de transição ofensiva, coincidentemente após a saída do atual jogador do Columbus Crew. Na maneira atual de jogo do Glass, ele pode ser usado na posição onde jogam Hyndman/Matheus Rossetto, vindo do centro como um 2° homem de meio campo ou flutuando mais a frente com o Ezequiel Barco.
Dito isso, caso o treinador escocês deseje usá-lo como um meia mais aberto ou até mesmo como extremo, Moreno poderá executar a construção de jogo pelos lados, o que fazia em sua antiga equipe na temporada 17-18, atuando muitas vezes do lado esquerdo, usando o pé invertido para afunilar as jogadas e criar maiores chances de gol, seja driblando ou chutando em gol, embora a finalização não seja uma de suas maiores características.
Um tiro certeiro como Almirón ou mais uma decepção a lá Martinez?
Em ambos os casos, foram duas grandes contratações, o que é diferente de dar certo ou não. Nesse caso, Moreno chega como mais uma grande contratação da era Bocanegra, que é marcada por muito mais acertos que erros e que mostra sempre uma visão de mercado acima da média, buscando jogadores em ligas reconhecidamente exportadoras como a Argentina e vencendo a concorrência de outras ligas de transição como Brasil e Portugal.
Falando mais especificamente de seu novo reforço, Marcelino tem todas as ferramentas para dar certo na MLS, pois é um jogador de muita técnica, driblador, carregador de bolas agressivo, sendo mais comparável ao Almiron do que ao Pity, por exemplo. Pode ser tanto um “8”, aquele meia mais recuado, como um jogador de lado de campo, sempre driblando de forma progressiva.
Contra ele pesa justamente o baixo número de gols na carreira e a dificuldade de ser mais efetivo no último terço e ter “estourado” apenas na última temporada, tendo que mostrar maior consistência para a ser o reforço que a torcida tanto sonha. Claro que para um time que clama por gols e por alguém que chegue mais “pronto” isso possa ser claramente um problema. No entanto, é bom lembrar que é justamente esse recorte mais recente da carreira de Moreno que o fez ser contratado pelos 5-Stripes, que precisa de alguém com sua habilidade de criar jogo pelo meio e facilitar um jogo mais direto no ataque. Marcelino Moreno não chegará para resolver os problemas que o Atlanta United possui, mas certamente poderá dar uma grande injeção de talento e de ânimo em uma equipe que precisa – e anseia – retornar aos seus melhores dias.
(Capa: Reprodução Twitter/Atlanta United)