Os jogadores da Real Salt Lake estão de olho no futuro. Há mais de 10 anos na principal liga de futebol norte americano, a Major League Soccer, os Monarcas de Salt Lake estão abertos a grandes mudanças depois de uma década de MLS.
Os motivos não são dos melhores, afinal, o proprietário do RSL, Dell Loy Hansen, foi afastado das operações das franquias ligadas ao que também é dono do Real Monarchs (USL) e do Utah Royal (NWSL) por conta de uma – suposta – conduta e linguagem racista após seus atletas se manifestarem contra a violência policial exercida sobre os negros nos Estados Unidos da América. Por esse motivo, o Real Salt Lake inclusive já se encontra a venda.
O cenário de fato é negativo para os Monarcas já que a alcunha de racista de seu ex-proprietário mexe com a moral dos atletas, comissão, franquia e torcedores. Mas, o capitão Kyle Beckerman sente que isso é uma oportunidade de recomeçar: “É uma nova era do RSL e um novo começo… Eu só quero voltar a jogar futebol e fazer com que nossa comunidade sinta-se bem sobre o Real Salt Lake”, disse o camisa 5. “Quando colocamos este brasão, estamos jogando por esta comunidade, estamos jogando pelo estado e queremos que eles se sintam orgulhosos deste clube e de todos na equipe. Então, o que quer que seja, está no passado. Espero que possamos conseguir um grupo de proprietários muito forte aqui, e interessados em realmente levar este clube à parte de elite da liga.” completou.
O processo de desassociação de imagem de algo negativo – no caso o racismo – é complicado e deve ser trabalhado antes que a alcunha – justa ou injustamente – pegue! Um exemplo: é comum observarmos piadas e memes sendo associados aos torcedores do Grêmio aqui no Brasil, já que em alguns momentos diretores esportivos e torcedores manifestaram seus preconceitos em discursos e falas racistas que hoje, mesmo sendo generalizada, é usada como ferramenta de “piada” na internet, o que prejudica a imagem da equipe tricolor.
Em uma liga onde a imagem e repercussão nacional e mundial é tão importante na construção de uma franquia vencedora, Beckerman e seus companheiros, tem posições contrárias do ex-proprietário e isso está claro. Mais do que isso, eles reagem bem a momentos conturbados, de mudanças e sabem exatamente o que precisam e o tipo de proprietário que eles querem para colocar a Real Salt Lake no caminho certo: “…precisamos daquele dono que quer vir aqui, nos dar os recursos e realmente nos ajudar a atingir nossos objetivos. Basta nos dar tudo para que tudo o que tenhamos a fazer seja trabalhar até o fim e tentar mandar para casa a família RSL com um sorriso no rosto, seja no estádio ou quando vierem nos assistir na TV… E é aí que realmente queremos colocar nosso foco agora. ” Destacou Kylle Beckerman.
Momentos como este, futebolística e socialmente falando também serve para unir as pessoas e nome de uma causa em comum, e é nisso que acredita o técnico Freddy Juarez “…acho que isso tornou o time ainda mais unido…” destaca o comandante dos Monarcas.
A liderança que Juarez quer para si e seus comandados esta alinhada ao pensamento de Beckerman, seu capitão. “Apoio meus jogadores e espero que o próximo dono faça o mesmo e os apoie!”, disse Juarez.
Beckerman crê que “o futuro é extremamente brilhante para este clube.” E se as mudanças necessárias forem feitas e a mentalidade social de seus atletas mantidas, o futuro da franquia tende – de fato – a ser a melhor. E se os resultados dentro das quatro linhas não vierem, nos lembraremos do Real Salt Lake – ao menos – como a franquia que teve comportamento exemplar diante de um momento tão delicado da comunidade afro-americana. E se os posicionamentos antirracistas que deveria ser o mínimo para todo e qualquer cidadão, na MLS pode ser considerada uma vitória contra o preconceito, e na sociedade regada de problemas sociais e preconceitos na qual vivemos, deve ser considerada um título para poucos.
(Foto: Reprodução Twitter/Jefferson Savarino)