Richie Laryea e Eryk Williamson são exemplos de jovens que passaram por dificuldades e deram a volta por cima. Avaliação de pré-temporada, empréstimo internacional e paternidade são alguns dos elementos dessas histórias.
O aumento do numero de clubes e com isso das vagas criou um cenário de oportunidades para aspirantes à jogadores. Do mesmo modo, isso traz junto histórias de “fracassos” que poderiam significar o fim de carreiras, não fosse o aumento também proporcional das academias.
Equipes inteiras de pessoas pacientes e preparadas para ajudar esses jovens a encontrar seu caminho. Laryea e Williamson são exemplos desse novo cenário.
Eryk Williamson aprendeu o que é ser profissional
Depois de causar boa impressão no Arlington Soccer, o jovem com então 17 anos chegou a academia do DC United. Falta de maturidade e a opção do United em criar times com jogadores experientes o levou a universidade de Maryland.
Sasho Ciroviski foi o responsável por tirar o jovem da posição de atacante e colocá-lo no meio campo, após testá-lo como ala e armador. Simultaneamente, fez três boas temporadas na NCAA e uma boa Copa do Mundo Sub-20 (2017), o que fez Sasho dizer que ele estava pronto para o próximo passo.
Mas o D.C United não estava e eles não conseguiram chegar a um acordo: “[DC] simplesmente não estava tão interessado quanto eu achei que eles estariam. Não que eles não acreditassem em mim, mas é como se eles não estivessem prontos para ir com tudo” disse Williamson.
Dessa forma, a solução foi uma troca com o Portland Timbers. O jogador Passou o primeiro semestre de 2018 na USL Championship e ainda nesse ano, foi emprestado para o Santa Clara, onde teve o ponto de virada de sua carreira.
“Lá foi onde eu realmente aprendi o que isso significa, o que é ser um profissional. Não vai ser sempre fácil. As vezes vai ser literalmente abaixar a cabeça e fazer seu caminho através disso. Acho que isso foi um chacoalhão, mas ao mesmo tempo me ensinou muito”.
No fim do ano, o Timbers trouxe o jogador de volta, onde pôde ganhar a confiança do técnico Giovanni Savarese aos poucos. “Eu sempre joguei em equipes em que era titular e jogava muitos minutos, então eu chego no Timbers e estou conseguindo minutos na USL, sou emprestado e não jogo e isso foi meio que ‘OK, eu preciso dar o próximo passo'”.
Além disso, Williamson afirmou que estar com pessoas e amigos com quem pode trocar experiências foi essencial, já que essa mudança foi essencialmente mental. Afinal, ele foi peça importante no Timbers campeão do MLS is Back, adicionando vigor físico a um elenco veterano.
Pressão da paternidade ajudou Richie Laryea
No superdraft de 2016, Richmond Laryea foi selecionado pelo Orlando City na sétima escolha. Posteriormente, em 2019, foi dispensado e teve que passar um período de avaliação no Toronto FC. Foi um período de medo, nervosismo e pressão que ajudou o lateral direito a encontrar sua melhor forma.
“Eu estava prestes a ter um filho em fevereiro e estava em pré-temporada no TFC em janeiro, então instantaneamente surgiu um pouco de medo e nervosismo. Porque minha esposa estava em Orlando, eu estava em Toronto sem saber o que ia acontecer, e então eu estava voando para a California para a pré-temporada por um mês. Foi muito estressante” declarou o jogador ao MLSSoccer.com.
Em 2016, Laryea pediu para não ser draftado por Toronto, pois queria experimentar um novo ambiente. De acordo com Greg Vanney, técnico do Toronto, os jogadores as vezes precisam perceber que devem fazer alguma mudança. “Quando você tem um bebê, quando muda de clube, quando várias coisas são colocadas em perspectiva, então talvez para Richie ele sentiu ‘eu apenas preciso ter sucesso agora’, que é diferente do ‘eu quero ter sucesso’ quando se é jovem” completou.
No caso de Laryea, a pressão parece ter dado resultado. Apesar de ser considerado um substituto de luxo, o lateral direito tem uma aparição na seleção da semana e um gol da semana nessa temporada. Além disso, é parte da seleção canadense, com 6 aparições e um dos melhores laterais do MLS is Back.
Um novo mercado
Diretor de desenvolvimento de jogadores do FC Cincinnati e com passagem em diversas academias nos Estados Unidos, Larry Sunderland acredita que o crescente mercado interno para “jogadores de segunda chance” é uma etapa fundamental para todo o sistema.
Ele dá como exemplo o próprio Williamson, mas também cita Cam Lindley: “Cam Lindley talvez não tenha se encaixado no Chicago, mas acabou indo bem em Orlando”, disse.
De acordo com ele, o mercado de movimentação de jogadores antes mesmo de chegarem ao time principal se tornou importante. “Esses jogadores que talvez não se encaixem no nosso modelo – como nós encaixamos ele na janela da Europa? Como chegamos nessas ligas e recuperamos parte do nosso investimento? Não apenas o caminho para o time principal, mas como podemos movimentar esses jogadores antes deles chegarem no time principal? Eu penso que estamos próximos disso, realmente penso. É um novo mercado”.
(Capa: Reprodução/Getty Images)