Não é novidade, para quem acompanha à MLS há mais tempo, que o futebol inglês é a grande inspiração dos americanos. O estilo de jogo, verticalizado e buscando o ataque a todo o tempo, se assemelha muito ao da Premier League (guardadas as proporções).
As divisões inferiores, controladas pela United Soccer League, levam os mesmos nomes das ligas da Football League inglesa (Championship, League One e League Two) e até mesmo os nomes das franquias deixaram de ser americanos (Timbers, Sounders, Earthquakes) e passaram a ser mais britânicos (FC Cincinnati, Atlanta United, Austin FC).
De acordo com matéria publicada nesta semana pelo portal The Athletic, a MLS pode estar dando mais um passo para seguir as diretrizes do futebol inglês e isso passa pela reativação da Liga de Reservas, extinta oficialmente em 2015 e que operou por 10 anos.
Segundo o The Athletic, a Major League Soccer anunciará nos próximos dias o projeto de uma liga Sub-23 já para 2021, algo idêntico ao que acontece na Inglaterra, e que permitirá aos clubes da principal divisão do país desenvolver jovens e também escalar jogadores com mais de 23 anos que não estão jogando na MLS ou que precisam ganhar ritmo após lesões.
Ainda não se sabe quem irá disputar essa competição, mas sabe-se que, com o lançamento do projeto, a atual pirâmide do Soccer será diretamente afetada.
DEBANDADA NA SEGUNDA DIVISÃO
Em 2020, 35 equipes disputaram à USL Championship, hoje segunda divisão dos Estados Unidos. Das 35, 13 tem ligação com os times da MLS e são usados para desenvolvimento de atletas. Nove deles são times oficialmente B e os outros quatro são clubes parceiros.
Na USL League One, terceira divisão ao lado da NISA, o buraco é bem mais fundo. Das 12 equipes que jogaram em 2020, seis são times B da MLS e mais um (Forward Madison) é parceiro do Chicago Fire.
Na USL League Two, quarta-divisão, que é sub-23, Portland Timbers e New York Red Bulls mantém equipes operando, que também devem sair com o retorno da liga de reservas da MLS.
Mesmo que nem todos os times optem por sair da USL – existe a possibilidade de alguns permanecerem nas duas ou apenas na USL devido ao nível de disputa – os danos serão inevitáveis. Mesmo clubes parceiros, como o Reno 1868 e RGV Toros, podem acabar prejudicados com uma possível retirada de investimento por parte dos times da elite.
A USL pode passar por tempos turbulentos, como no começo da década passada, onde sofreu pesada concorrência da NASL, mas acabou sobrevivendo e se consolidando, enquanto viu sua concorrente desaparecer. Da noite pro dia, a liga pode perder 22 times em suas três divisões.
ACADEMY TAMBÉM JÁ GEROU CONCORRÊNCIA
Com o lançamento da MLS Next, competição para formação de atletas entre 13 e 19 anos, a Major League Soccer também “bateu de frente” com a United Soccer League, que no início do ano lançou à USL Academy, com a mesma proposta.
A intenção da MLS é, de fato, ter o domínio em todas as áreas do Soccer e esse plano passa, obviamente, por minar um parceiro/concorrente que vem crescendo.
NOVA TERCEIRA DIVISÃO
A Major League Soccer espera conseguir um “selo” de terceira divisão para à liga de reservas junto à Federação Americana. A intenção é atrair cada vez mais jovens talentosos, criando uma liga sub-23, porém profissional.
Com o retorno da liga de reservas, à MLS espera que seus times invistam cada vez mais dinheiro na formação de estrelas e que, dessa forma, eles possam chegar ainda mais prontos para jogar na principal divisão do país.
Caso consiga a chancela, os Estados Unidos teriam três terceiras divisões: USL League One, NISA e a liga reserva da MLS.
USL NÃO TEME SAÍDA DE CLUBES
Uma discussão que toma conta dos fãs da USL é de que os times B atrapalham o crescimento da liga, uma vez que trazem menos retorno financeiro e apelo de público, além de também não contarem, na maioria das vezes, com grandes elencos e jogadores.
Para os executivos da USL, que já tem cinco novos times anunciados para os próximos anos e muitos outros querendo entrar, a saída “não forçada” dos times B pode alavancar à USL Championship em qualidade.
No caso da USL League One, cinco equipes já manifestaram o interesse de entrar na liga nos próximos anos, de acordo com os executivos da liga. Uma delas é a franquia de Portland, no estado de Maine.
PRIMEIRAS BAIXAS
O site da MLS publicou nota, nesta quarta-feira (14), informando que Timbers, Union e Orlando City já decidiram retirar seus times da USL para a próxima temporada.
A reportagem do The Athletic apurou que Red Bulls, Real Salt Lake, FC Dallas e D.C United planejam continuar na estrutura da USL. Ainda não se sabe se à intenção é estar nas duas ou abdicar da liga de reservas, mas sabe-se que à Federação dos Estados Unidos e a MLS deixarão essa decisão importante a cargo de cada clube.
FRACASSO RECENTE
A primeira tentativa de ter uma liga reserva da MLS foi em 2005. No entanto, em uma época em que os clubes da MLS contratavam mal e investiam mal, o projeto foi um fracasso. Entre idas e vindas, a liga durou até 2015, e acabou quando os times B da MLS, que haviam se juntado à USL, se consolidaram por lá.
O principal motivo para o não-sucesso da liga reserva no passado foi a falta de investimento das franquias na formação de jogadores, algo que, dessa vez, não deve ser problema, uma vez que as equipes norte-americanas, até mesmo de divisões menores, estão focadas em formar jogadores.