Javier “Chicharito” Hernández chegou ao Los Angeles Galaxy para ser o sucessor de Zlatan Ibrahimovic. Anunciado no dia 21 de janeiro com o novo atacante da equipe da Califórnia, o mexicano chegava à Major League Soccer como a nova grande esperança de gols do time. O cara que sucederia Ibrahimovic no papel de protagonista da equipe. Mas nove meses depois, a contratação de Chicharito se mostra uma verdadeira decepção. Apenas dez jogos disputados com a camisa do Los Angeles Galaxy e um gol marcado.
É certo que o jogador passou um bom período lesionado. Porém, esse período mostrou justamente uma situação bem interessante. A melhor sequência do Galaxy na temporada veio com Chicharito fora da equipe. E com o retorno do mexicano aos gramados, o time voltou a cair de produção, ficando evidente que parece funcionar melhor sem ele. Um duro golpe pra quem tinha sido contratado pra ser o cara da franquia.
Outro caso parecido é o de Gonzalo Higuaín. O jogador trocou a Juventus/ITA pelo Inter Miami há pouco tempo. Higuaín também chegou pra ser o principal nome do elenco e comandante do ataque da franquia de David Beckham . Em seis jogos pelo time porém, Higuaín soma um gol e uma assistência. O time, por sua vez, continua sem embalar a boa sequência capaz de fazê-lo chegar à zona de playoffs e brigar por vaga na pós-temporada. Não é um desempenho horrível de Higuaín, mas muito aquém do que se espera de um jogador deste “naipe”.
Você pode se perguntar se talvez não seja cedo demais pra questionar o desempenho desses jogadores. De fato, principalmente Higuaín, que é recém chegado ao clube. Mas o baixo rendimento (pelo menos dentro do esperado pela maioria) de ambos os centroavantes atenta pra questão ligada ao título desta matéria. A bola (não) jogada por ambos só mostra que a MLS não é mais o que muitos, dentro de um senso comum, imaginam.
Quando jogadores do calibre de Higuaín e Chicharito deixam o futebol europeu rumo à Major League Soccer, é comum ouvir alguns clichês da boca de algumas pessoas:” Ah, foi ganhar dinheiro” “vai deitar por lá, jogar com um pé nas costas” “ vai jogar fácil, por que o nível é bem baixo”, ” foi se aposentar por lá”.
O fato é que a situação vivenciada atualmente mostra o contrário. As dificuldades enfrentadas por esses dois atletas só mostram que a MLS tem subido de patamar. Já não é mais aquele campeonato para jogadores em declínio técnico ou final de carreira virem desfilar algum resquício de futebol, abarrotar os bolsos de dólares e curtir a vida morando em alguma cidade turística. Se você por acaso ainda pensa isso da MLS, acredito que está na hora de mudar a sua percepção.
Mas você então pode pensar: “Eles só estão abaixo por que estão em declínio, já não servem nem pra MLS”. Será mesmo? Chicharito não teve boas passagens por West Ham/ING e Sevilla/ESP, porém teve alguns bons momentos no Manchester United/ING e sempre foi referência da seleção mexicana, disputando inclusive três Copas do Mundo.
Quanto a Higuaín, é um jogador com números muito bons em Real Madrid/,ESP e Napoli/ITA. Uma passagem razoável até pela Juventus, sendo várias vezes titular ao lado de Cristiano Ronaldo e Dybala no ataque da Velha Senhora. Além de três Copas do Mundo com a seleção argentina.
O fato é que são jogadores que teriam vaga no Velho Continente ainda. Não em clubes de ponta talvez, mas teriam. Higuaín poderia muito bem jogar em clubes como Monaco/FRA, Valencia/ESP e outros times tradicionais de segundo escalão das principais ligas europeias. Então são jogadores que não vieram pra MLS por que “foi o que restou” pra eles.
Outro argumento poderia ser: “Não estão indo bem pelo fato de os times serem muito ruins, eles acabam tendo que dar uma de Noé.” Mas espere um pouco. A MLS não é aquela liga que justamente por ter um nível tão baixo, um jogador como esses, mesmo longe da sua melhor forma vestiria a camisa e teria facilmente um desempenho acima da média mesmo jogando ao lado de jogadores muito limitados?. “ Ué, mas era isso que o Ibra fazia!”
É fato que o Zlatan carregou muitas vezes o time nas costas. Mas ele só não foi ainda melhor justamente porque, apesar de ter alguns bons nomes, o elenco do Galaxy não era (e ainda hoje não é) nada equilibrado. E só pra constar, hoje, ainda mais velho, ele é o grande nome da ótima fase que atualmente se encontra o Milan/ITA. Será que o Campeonato Italiano pode ser considerado uma colônia de férias?
Pra falar de jogadores mais jovens, temos Ezequiel Barco e Gonzalo “Pity” Martínez. Ambos trocaram o futebol argentino pelo dos EUA. Barco, hoje com 20 anos, era o grande nome do título da Sul-Americana em 2017 pelo Independiente/ARG, e chegou ao time em 2018. Já Pity, que inclusive deixou o clube recentemente, veio no ano seguinte, quando tinha 25 anos, após ser o grande nome do título do River Plate/ARG na Libertadores 2018, sendo escolhido o melhor jogador da competição.
E apesar de chegarem com um bom hype, como se diz, tendo muito talento e jogando numa equipe bem montada, os dois, mesmo com alguns bons momentos, nunca jogaram tudo que tinham potencial.
A influência significativa dessas questões só mostra que a MLS se torna cada vez mais competitiva, e já não é mais uma liga onde basta ser um medalhão para ter sucesso em seus gramados. Sem uma boa forma física, técnica, psicológica e sem o encaixe tático dentro de uma equipe minimamente organizada e com um elenco equilibrado e competitivo, dificilmente quem chega à MLS – e isso vale tanto para as jovens promessas que chegam cada vez mais por lá, quanto para jogadores consagrados como Higuaín e Chicharito – terá um desempenho acima da média.
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(Capa: Reprodução/Instagram Javier Hernández)