Na última terça-feira (5), o Los Angeles Galaxy confirmou Greg Vanney, ex-Toronto FC, como novo técnico da franquia. Na ”Coluna do Guga”, assinada pelo jornalista Gustavo Demétrio, o leitor terá uma visão ampla sobre a contratação e o que é exemplo no futebol mundial para que o clube e o técnico possam chegar ao seu objetivo de reestruturação da equipe.
Nos últimos tempos, o futebol se tornou gradativamente um espaço no qual os campeões – ou times com campanhas marcantes – são, sem exceção, trabalhos minimamente organizados, com mapeamento de mercado, padrão de jogo definido, escolha de uma ideia adequada e dos atletas certos para executá-la. Inclusive, o que se chama de ”sucesso” é a maior ou menor harmonia de todos os aspectos que compõem o jogo. Em outras palavras, futebol é feito de contextos.
Para que isso tudo entre nos trilhos, no entanto, é preciso de profissionais capazes. Olhando, primeiramente, para os times mais lembrados da Europa nas duas últimas décadas, há ali uma ”personificação” de todas as qualidades ditas acima.
O Barcelona/ESP de Pep Guardiola, com Txiki Begiristain e Ferran Soriano na retaguarda, o Bayern de Munique/ALE de Hans-Dieter Flick, com Uli Hoeness, Karlheinz Rummenigge e Hasan Salihamidzic na diretoria são dois exemplos quase perfeitos do primeiro escalação do esporte nesse sentido.
Além disso, equipes que surpreenderam nesse período, deixando para trás camisas mais fortes, como o Leicester City/ING na campanha do título da Premier League em 2015/2016 ou o Ajax/HOL, de 2018/2019 na campanha de semifinal na Champions League, não assombraram o mundo por acaso, havia em seus contextos respectivos uma organização, uma ideia delimitada a ser seguida.
Obviamente, na Major League Soccer esse panorama do futebol não seria diferente. E principalmente na liga dos Estados Unidos, onde de forma literal não há espaço para o amadorismo.
Os últimos campeões, ou times marcantes que não conquistaram a MLS Cup, são todos trabalhos quase que à nível científico de tão rígidos nos aspectos que compõem o esporte profissional de alto nível. O atual campeão, Columbus Crew SC, com o analítico Caleb Porter no banco e o genial Tim Bezbachenko nas contratações, o Atlanta United vencedor em 2018, com Tata Martino e Carlos Bocanegra, o Seattle Sounders de várias conquistas com Brian Schmetzer e Garth Lagerway…
Esses três clubes citados acima, juntamente com o excepcional Toronto FC, de Greg Vanney e do próprio Bezbachenko, somam seis títulos dos nove disputados na última década na liga. Inclusive, Vanney foi contratado pelo LA Galaxy, clube este que deixou há tempos de fazer o que seus rivais fazem, mas agora tem esperanças em um treinador do mais alto patamar no campeonato.
O Galaxy, desde o fim de 2018, tem Dennis te Kloese como diretor, o Manda-Chuva em muita coisa importante dentro da franquia. No entanto, o mandatário até aqui não mostrou que suas decisões estão alinhadas com as que os grandes nomes da liga no cargo aplicam em seus contextos, deixando o maior clube do país sem identidade e apenas se contentando com os brilhos únicos de estrelas solitárias como foi com Zlatan Ibrahimovic e Christian Pavón.
te Kloese preferiu um ”boom” midiático de um ou dois nomes grandes em detrimento a um time competitivo. Nem a estrela sueca em sua passagem em Carson foi capaz de sustentar por muito tempo um time com Bingham’s, Skjelvik’s e Feltscher’s da vida. O diretor não entendeu o que estava sendo feito ao seu redor.
Porém, Greg Vanney entrega um ”cérebro” que supre este vácuo no Galaxy. Quando te Kloese for contratar, haverá sempre ele para ”policiar”. E além disso, a hibridez tática na qual o novo comandante fez seu pilar nas conquistas de MLS Cup, Supporters’ Shield e Canadian Championship terá um papel fundamental na reconstrução de seu novo time, porque uma reformulação em um clube que não chegou aos Playoffs na Conferência Oeste em 2020, é necessária muita flexibilidade.
Este projeto que agora se desenvolverá em Los Angeles precisará de tempo e paciência também, claro. Certamente a temporada de 2021 para o time será de total normalidade se os resultados não vierem, porque há algo maior em construção, o contexto. Para trazer os jogadores certos, dentro de uma ideia de jogo, traçar o mapeamento dos adversários, os encaixes táticos, tudo isso requer tempo. Sorte que Vanney aceitou o emprego, porque ele já tirou o Toronto em condições parecidas do fundo do poço.
É a pessoa certa para o Galaxy.
A ”Coluna do Guga” vai ao ar toda quinta-feira no Território MLS e traz opinião e informação sobre o futebol da MLS.
(Capa: Reprodução/ Site LA Galaxy)