Nesta última quarta-feira (3), o Sporting Kansas City anunciou a contratação do zagueiro francês vindo do Besiktas/TUR, Nicolas Isimat-Mirin. O reforço é o segundo de impacto para temporada 2021 e mantém a política de transferências do clube, em trazer jogadores de equipes menos badaladas do futebol europeu.
Na quinta edição da ”Coluna do Guga”, assinada pelo jornalista Gustavo Demétrio, o leitor terá a análise sobre os movimentos de mercado do clube do Missouri e como isso terá impacto para a temporada que se aproxima.
Existem clubes em todo o futebol mundial que devido aos seus planejamentos impares quando não são cotados em suas respectivas competições como favoritos, são certezas de boas campanhas. Arsenal/ING, de 17 participações consecutivas em Champions League até 2017, Atlético de Madrid/ESP da era Simeone atualmente, Borussia Dortmund/ALE de cinco finais em sequência da Copa da Alemanha, são exemplos disso, porque além dos títulos conquistados nos determinados períodos, sempre estiveram ”nas cabeças”.
Na Major League Soccer, este espaço é ocupado mais explicitamente pelo Sporting Kansas City, que entre outros feitos alcançou oito participações seguidas em Playoffs. A marca, não à toa, é inaugurada desde o momento que Peter Vermes assumiu o comando como técnico principal, quando começou a criar uma filosofia particular na montagem dos elencos.
De 2011 até o presente momento, o SKC alimentou o ”Vermismo” com jogadores como Oriol Rossell, Andreu Fontàs e Ilie Sánchez, todos com passagens pelas categorias de base do Barcelona/ESP e até com jogos no time principal, como no caso do zagueiro. No momento da compra, esses outros dois jogadores estavam em clubes como Celta de Vigo/ESP e Elche/ESP. Além deles, Yohan Croizet vindo do KV Mechelen/BEL, Felipe Gutiérrez do Real Betis/ESP, Johnny Russell do Derby County/ING, Winston Reid do West Ham/ING, construíram com o passar dos anos um clube dos mais competitivos na MLS.
O Vermismo, que é mais que um modelo tático de Peter Vermes, que passa pela escolha dos nomes certos para potencializar a posse de bola, a marcação por encaixes individuais, o jogo de posição e até a ”pirâmide invertida”. Características, personalidade e mentalidade são aspectos que perpassam as estratégias de jogo no clube.
Nesses 10 anos do técnico no Kansas City, porém, só um título de MLS Cup, uma das grandes reclamações da torcida, que com tão bons times queria mais troféus no Missouri. Mas, essas objeções de ”barriga cheia” parecem que ficaram no passado, não porque os fãs mudaram de postura, mas porque o time pode ter dado indícios de que precisa de ajustes para continuar no topo, entre os maiores.
A temporada 2019 foi a que ascendeu essa preocupação, já que com Vermes foi o primeiro ano a não irem aos playoffs da MLS na Conferência Oeste, com a quarta pior campanha entre todos os times da liga.
Já em 2020, apesar da liderança no Oeste (com todas as ressalvas devido aos poucos jogos com as mais variadas equipes do campeonato, concentrando as partidas em poucos adversários), mostrou um futebol abaixo, mais burocrático e longe de ser o forte SKC de outros tempos. Na campanha de mata-mata, inclusive, esses problemas ficaram claros, seja na difícil partida contra o SJ Earthquakes, vencida apenas nos pênaltis, seja na eliminação onde foi sucumbido em sua própria casa para o Minnesota United.
Todavia, os motivos para essa queda de desempenho não são de grande alarde, requer somente ajustes, não uma revolução, afinal ainda há qualidade no elenco, que segue se reforçando com Isimat-Mirin e Rémi Walter para 2021. E sem dúvida nenhuma o trabalho de Peter Vermes ainda consegue tirar muitas coisas positivas do elenco. O fundamental, no entanto, é compreender o que deu errado especificamente nas duas últimas temporadas, porque se esses problemas não forem tratados antes de virarem fantasmas, seria difícil uma reversão. Ainda há tempo.
(Capa: Reprodução/ Site Sporting KC)