Os três times mexicanos que se encontram, atualmente, no topo da tabela, são aqueles que arriscaram e decidiram renovar o plantel e a sua ideia de jogo
Todos sabem que na Liga MX os processos curtos que buscam alcançar o êxito de forma rápida, é a principal forma de trabalho de muitos times. Muitas vezes basta trocar o técnico na metade da temporada, para que um time possa brigar pelo título no final do torneio.
Isso é algo bastante casual nos times mexicanos que estão na metade da tabela, mas os quatro times que possuem maior orçamento como o América, Cruz Azul, Tigres e Monterrey, não acontece o mesmo. Os chamados clubes “ricos” operam de maneira diferente, e com o passar o tempo eles se renovam, seja no plantel ou na ideia de jogo.
No torneio atual, nós vimos que três desses quatro times citados tomaram a decisão de trocar de técnico com o propósito de renovar a sua aura competitiva diante da redução de custos por conta pandemia do coronavírus, e assim poder comprar novos jogadores. Estando na metade do torneio, os resultados têm sido ótimos para os americanistas, os cementeros e os rayados, mas ao analisar o motivo desse êxito, podemos observar que os novos capitães desses barcos precisaram provar algo em seus times atuais.
Com as águias, vimos a um Santiago Solari que busca provar suas credenciais como treinador depois da sua passagem fugaz no Real Madrid. No outro lado da capital mexicana, temos o peruano Juan Reynoso, do Cruz Azul, tratando de demonstrar aos torcedores celestes que é um estrategista digno de comandar um dos “grandes” do futebol asteca. Ao norte do país, Javier Aguirre regressou à liga mexicana após 20 anos, com a ideia de reviver as vitórias de sua carreira no passado, enquanto nos últimos anos ele se destacou por brigar pra não cair em um times da Espanha e dirigir seleções nacionais. Entretanto, todas essas missões do técnico Aguirre terminaram em fracasso.
Os três treinadores disfrutam da glória das primeiras colocações da Liga mexicana, já que eles também têm algo a provar não só para eles mesmos, como também para os torcedores. Por isso, não é de se estranhar que estejam indo bem em seus respectivos times. Mas, e quanto ao Tigres? Os atuais vice-campeões do Mundial de Clubes têm sido uma instituição “modelo” nos últimos dez anos, porém, hoje vivem uma de suas piores crises após a obtenção do título internacional que lhes faltava para consagrar seu processo de trabalho.
Atualmente, parece que os felinos, que encantaram a inúmeros espectadores futebolísticos, precisam de uma mudança urgente na parte mais profunda de sua organização. As finanças não estão indo bem, o que significa que não se pode fazer uma renovação total no plantel, mas, quem sabe a solução esteja em seguir o mesmo caminho dos seus rivais e, assim, encontrar uma nova ideia de jogo que lhes devolvam a “fome” de conquistar algo. Parece até que os jogadores do Tigres estão cansados de viver a mesma rotina…
Encerrar ciclos exitosos, como o que aconteceu com os auriazules, sempre será complicado, mas vale a pena tomar uma decisão antes de pagar pelas consequências e ficar em um mesmo lugar. O tempo dirá o que irá acontecer com esses quatro times mexicanos, mas no final das contas, nós vivemos um futebol que pede por renovação ao passar o tempo, e aqueles que dormirem serão levados pela corrente da mediocridade. É bom ter cuidado com isso!
Enrique García, autor da coluna de hoje, é naturalmente mexicano e um amante dos esportes. Ele possui 12 anos de experiência como comentarista em rádio e televisão. Já fez cobertura de três Copas do Mundo, uma Copa das Confederações, uma Copa Libertadores da América, um jogo de estrelas da NBA e oito SuperBowls da NFL.
(Capa: Arte/Julianne Guimarães)