Por que os times da MLS sofrem tanto diante dos mexicanos na CONCACAF Champions League? Tentamos explicar
Desde quando a MLS surgiu, em 1996, o mundo do futebol norte-americano esperava que, finalmente, alguém poderia incomodar os mexicanos na hegemonia da principal competição de clubes do continente, a antiga Champions Cup, hoje conhecida como CONCACAF Champions League.
O que se viu, porém, foi o domínio Mexicano aumentar, uma vez que agora, além de superar times da Costa Rica e Honduras, os mexicanos estavam enfrentando e ganhando dos poderosos e ricos vizinhos dos Estados Unidos.
Na história, os mexicanos venceram 36 vezes a competição continental. O segundo país que mais ganhou foi a Costa Rica, com seis títulos, enquanto os times da MLS venceram duas vezes, no fim da década de 90, com D.C. United em 1998 e LA Galaxy em 2000.
Mas todo esse desnível em relação aos mexicanos e aos demais times da CONCACAF tem explicações. Os times da MLS são bons, produzem bons jogadores e a seleção do país, além do sucesso que alguns americanos estão alcançando em solo europeu, são prova disso.
Mas por que no enfrentamento contra os times mexicanos os clubes da MLS sofrem tanto? Por que essa freguesia se estende e parece que nunca vai ter fim?
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1 – RESTRIÇÕES PARA CONTRATAR
Esse talvez seja o principal motivo para o desequilíbrio entre as duas ligas. Enquanto na Liga MX os clubes tem liberdade para contratar jogadores, de qualquer nacionalidade, ganhando qualquer salário. Os times mexicanos, em sua liga doméstica, podem colocar até 9 estrangeiros na súmula por partida.
Do outro lado, a MLS sempre focou no equilíbrio entre suas equipes e na revelação de atletas. O atual limite para estrangeiros por elenco é de oito jogadores, no entanto, apenas três dos 30 atletas permitidos por equipe, pode receber um salário acima do teto da MLS, algo que gira em torno de pouco mais de $50 mil dólares. Esses são os conhecidos como jogador designado.
Em resumo, enquanto um clube da MLS pode pagar salário de astro para apenas três atletas, os mexicanos podem enviar à campo 11 “jogadores designados”. E obviamente, quanto maior o salário, maior a qualidade do jogador que é atraído pelo clube.
Mesmo que os americanos paguem em dólar e sejam ricos, a MLS não permite um gasto exagerado, e isso limita a quantidade de grandes estrelas nos times dos Estados Unidos.
2 – APENAS 26 ANOS DE FUTEBOL PROFISSIONAL
Como já citamos aqui, a MLS surgiu em 1996, como liga de futebol profissional. Os Estados Unidos já tinham tentado ter seu futebol profissional com a NASL, onde Pelé jogou, mas foi um fiasco. A MLS surgiu para, enfim, profissionalizar e popularizar o esporte no país e isso acaba nos levando de novo ao tópico 1, onde falamos de equilíbrio e revelação de jogadores.
Em 1996, os mexicanos já dominavam a CONCACAF e o país já havia sediado duas copas do mundo. O México é conhecido no cenário internacional do futebol muito antes da MLS sequer ser desenhada num papel. Isso, obviamente, gera um desnível claro. O jogador médio mexicano é acostumado com o futebol e com grandes jogos internacionais, enquanto os americanos ainda estão se adaptando a isso.
Nos outros esportes americanos (NBA, NHL, NFL e MLB) não existe competição continental. 90% dos jogadores nem sabem o que é isso. Apenas os que representam suas seleções (quando elas existem) sabem o que é jogar contra outros países.
3 – PREPARAÇÃO PARA OS JOGOS
Quando a CONCACAF Champions League começa, no início do ano, os clubes da MLS estão em fase final de pré-temporada. Por outro lado, os mexicanos, costa-riquenhos e outros, já vivem fase final ou meio de temporada. Enquanto os times dos Estados Unidos ainda estão ajeitando seus elencos e buscando a forma ideal, os outros estão em plena capacidade física e técnica. E é claro que isso faz a diferença.
4 – ACOSTUMAR COM A COMPETIÇÃO
Parece bobo e óbvio, mas é um fato. Os clubes mexicanos são muito mais antigos dos que os da MLS. Enquanto o América, maior campeão da competição, tem 104 anos, o clube mais velho da MLS tem 26.
E com as regras impostas pela MLS, já citadas no primeiro tópico, buscando o equilíbrio da liga, os clubes da MLS não jogam a competição todo ano. Existe um rodízio muito grande entre os participantes, o que dificulta (e muito) tal adaptação.
Para ganhar qualquer competição, é preciso aprender a joga-la.
CONCLUSÃO
Esse texto explica o motivo de tal desnível diante dos mexicanos e busca desmistificar algumas coisas, como os que, sem conhecimento de causa, dizem apenas que “americano não sabe jogar bola”. A freguesia para os mexicanos é real, sim, e não tenho a intenção de passar pano. Porém, é preciso analisar o futebol como um todo. Existe um motivo para que essa freguesia aconteça da forma como ela acontece. Ou pelo menos quatro motivos.
É claro que os clubes da MLS deveriam ser mais competitivos contra os mexicanos, e nós esperamos por isso. Mas a diferença tem diminuído e já foi muito maior. É uma questão de tempo até que os americanos comecem a fazer frente aos mexicanos nas competições continentais.
Hoje, nos resta torcer.
*A coluna “Opinião TMLS” traz a visão de seu redator e não necessariamente representa o pensamento do portal “Território MLS”.