MLS anuncia criação de uma segunda liga para concorrer e anular rivais
Na última segunda-feira (21), a MLS anunciou de forma oficial a criação de sua “segunda divisão“. Oficialmente, a nova liga profissional ainda não tem nome e fontes especulam que ela será alocada na pirâmide norte-americana como terceira divisão, abaixo da USL Championship e dividindo espaço com a USL League One e com a NISA.
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A ideia inicial da MLS era de criar uma liga sub-23, conforme foi noticiado em 2020. Porém, os planos mudaram ao longo do processo e a MLS viu uma oportunidade de mercado, já que, apesar do sucesso da USL Championship, nenhuma das outras ligas norte-americanas tem, de fato, feito um grande barulho.
No comunicado oficial, a MLS diz que a nova liga será “parte do processo de profissionalização dos atletas, transição das academias que jogam a MLS Next e também para ajudar no crescimento do esporte, visando a Copa de 2026“.
De fato, tudo isso foi pesado e é muito bonito, mas a grande verdade por trás de toda essa movimentação é o crescente mercado do soccer. Afinal de contas, se o foco fosse apenas a formação de atletas, a liga sub-23 resolveria o problema e seria muito mais barata para os clubes. E criar uma fã base para a Copa de 2026 também já vem acontecendo com as franquias de expansão e não é uma segunda liga que vai resolver.
A MLS é uma organização privada e obviamente visa lucros com a nova liga. Isso fica explicito quando, no mesmo comunicado em que diz querer pavimentar o caminho do soccer no país, a liga abre a “MLS2” para franquias originais, não vinculadas aos times da MLS. Algo idêntico ao que a USL e outras ligas fazem.
Com a nova “MLS2”, a Major League Soccer cobrará taxas de expansão menores para equipes que não tem potencial ainda para entrar na principal divisão, mas que vão ficar ali na segunda liga esperando uma oportunidade de, quem sabe, subir.
A nova liga também amplia o leque de franquias, uma vez que a MLS tem um limite atual de 30, mesmo podendo ser aumentado no futuro. A “MLS2” começa com 20 times mas poderá ter 40, 60. Ou quem sabe no futuro a MLS até opte por criar uma “MLS3” e assim abrigar mais times, uma vez que rebaixamento segue fora de questão.
Fato é que a Major League Soccer está “incomodada” com o sucesso da USL e quer dominar o mercado tirando a sua principal concorrente e até então parceira de cena, assim como fez com a NASL na última década. É verdade que a liga quebrou por má administração, mas a MLS trabalhou forte nos bastidores para minar a rival, inclusive escolhendo times da NASL como franquias de expansão, assim como tem feito com a USL.
Nos últimos anos, a MLS tirou da segunda divisão Nashville e Cincinnati, além de ter levado franquias novas para cidades onde a USL já estava, como St. Louis e Charlotte. O movimento para dominar o mercado já vem acontecendo, mas nunca foi tão agressivo como agora. A crise financeira da MLS, abafada oficialmente mas muito falada nos bastidores, pode ter relação com isso, e a liga busca mais uma forma de conseguir dinheiro por meio de patrocínios, contratos de TV etc… É só lembrar que a pequena USL tem um contrato de TV com a ESPN. Contrato esse que pode migrar para a “MLS2”.
A conclusão que eu chego é que se o objetivo fosse apenas formar jogadores, a liga manteria o formato original, de ser apenas para jogadores sub-23. A questão aqui é que a gigante do soccer quer controlar todos os braços do esporte nos Estados Unidos e isso passa por também ter sucesso nas ligas e nos mercados menores.
*A coluna Opinião TMLS é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente o posicionamento do portal Território MLS