O trabalho de Heinze no Atlanta United se mostrou falho não só por questões técnicas ou táticas, mas também psicológicas
Quem acompanha a Major League Soccer viu que chegou ao fim a passagem de Gabriel Heinze pela equipe do Atlanta United. E justamente por acompanhar a competição, a queda do treinador argentino não foi uma surpresa.
Porém, existe um detalhe nessa história que chama atenção pra uma coisa. O caso de Heinze demonstra sinais de ser mais um daqueles onde o que tornou o trabalho improdutivo não foi só a questão técnica e/ou tática, mas também psicológica.
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Para além de algo relacionado à escalação de atleta X em vez de Y, ou de funções dentro da partida, quando como tentou fazer Guzan jogar como goleiro-líbero, por exemplo, Gabriel Heinze errou em outro aspecto crucial: o comportamento.
A notícia recente que surgiu após a sua demissão, relacionada com sua conduta, escancarou um ponto muito grave que pode ter sido muito bem um dos pilares de um trabalho ruim.
Entre os relatos, conta-se sobre atitudes de Heinze que eram invasivas, intervindo em questões que não eram de sua competência (a suposta obsessão pela questão nutricional dos atletas, por exemplo), além de contribuírem para um desgaste físico e mental que só fez mal à equipe.
Apesar da veracidade dos fatos noticiados não ser algo de plena certeza, a passagem de Heinze pelo Atlanta United contou com dois episódios que mostram uma inabilidade do argentino de lidar com suas relações interpessoais no ambiente de trabalho. O primeiro foi o episódio com Jim Curtin, treinador do Philadelphia Union, onde Heinze teve a postura criticada, após uma derrota.
O outro caso foi o afastamento do ídolo Josef Martínez, onde Heinze disse que a decisão não foi por uma questão física. Não fica difícil somar 2+2 e concluir que os relatos da conduta diária de Heinze na franquia sejam plausíveis.
A partir disso, é importante salientar que a matéria sobre a conduta de Heinze cita que ele não se interessava em construir uma comunicação acessiva e saudável dentro do seu ambiente de trabalho.
Isso é algo muito grave, haja vista que um dos requisitos para trabalhar bem em grupo é justamente ter habilidade em se comunicar de forma saudável.
Parece até clichê alguém vir à tona pra falar que saber manejar questões emocionais é algo importante. Todavia, é válido lembrar disso, tendo em vista que não dá pra separar por inteiro o profissional do pessoal. Ter habilidade pra esse manejo, algo que a Psicologia chama de Inteligência Emocional, é algo determinante pra ter um bom desempenho no trabalho.
Não é difícil encontrar casos de treinadores que minaram seus trabalhos por problemas de relacionamento com atletas. Ou ainda o caso de jogadores que por falta de foco e disciplina, e outras questões emocionais, ficaram muito aquém do desempenho que poderiam mostrar em suas carreiras.
A intenção desse artigo de opinião não é crucificar o treinador por atitudes sobre as quais não se tem uma certeza absoluta que ocorreram. Isso não seria algo honesto nem justo de se fazer. O propósito aqui é fazer um alerta e ao mesmo tempo uma reflexão.
Saber lidar com questões táticas é essencial para um treinador. Todavia, além de entender como funciona o 4-4-2 ou o 4-3-3, é importante saber se comunicar de forma saudável, motivar o elenco, exercer liderança, mediar conflitos, entre outras competências.
Olhando bem, é algo muito válido não só pro contexto esportivo, mas pra vida profissional de qualquer um. Já que o assunto Inteligência Emocional entrou em pauta, vale à pena lembrar que inteligência está ligada a uma capacidade de adaptação ao meio, em vários sentidos.
E falando especificamente de Heinze, o treinador argentino vai precisar melhorar no quesito Inteligência Emocional para não colocar na berlinda os seus próximos trabalhos.
* As opiniões emitidas nesta coluna não necessariamente refletem o posicionamento do Território MLS
(Capa: Reprodução/Site oficial Atlanta United)