Um dos maiores erros de muitos torcedores brasileiros é desprezar o que não conhecem, e o Eduard Atuesta tem sido vítima disso
O Palmeiras anunciou recentemente a contratação do volante colombiano Eduard Atuesta, junto ao Los Angeles FC. O jogador já tinha tido seu nome vinculado ao clube alviverde no começo da temporada, e o negócio acabou se concretizando.
Claro, essa contratação repercutiu no meio esportivo. Houve, naturalmente, quem elogiasse e quem criticasse a chegada de Atuesta. E esta coluna vai falar um pouco disso.
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A questão é que muitas críticas à vinda de Atuesta são frutos do desconhecimento sobre o atleta. Mas será que o fato de Eduard Atuesta não ser muito conhecido por aqui torna-se algo forte o suficiente pra ele ser alvo de certas críticas?
Claro que não custa lembrar que todos têm o direito de desaprovar uma contratação. Mas a base de várias dessas críticas atentam pra um comportamento bem comum de muitos torcedores brasileiros: a tendência de desmerecer o que desconhece. Mostrar ignorância sobre algo que se desconhece é algo natural, mas o desmerecimento não deveria ser.
Vamos pegar um exemplo recente nesse contexto: o atacante Hulk. Ídolo no FC Porto/POR, onde teve um desempenho excelente, e depois teve uma boa passagem com a camisa do Zenit/RUS, além de ter disputado a Copa das Confederações em 2013 e Copa do Mundo em 2014.
Hulk sempre foi um jogador bastante contestado, sobretudo na seleção brasileira. Foi preciso ele chegar em terras brasileiras e ter um grande desempenho para que muitos brasileiros enfim notassem o grande jogador que ele sempre foi.
A falta de um olhar mais apurado, o que a maioria fatalmente não tem, prejudica uma postura mais prudente em situações assim. Ora, se eu não conheço a trajetória do jogador em questão, como posso ter uma base sólida para criticá-lo com tanta contundência?
Veja outro exemplo, agora com um treinador. Abel Ferreira. O português, que agora comandará Atuesta, também foi alvo de desconfianças antes de se mostrar um grande treinador no time do Palmeiras/BRA. O técnico foi muito contestado, por ter vindo de um clube (PAOK/GRE) e uma liga desconhecidas da maioria. Nem preciso dizer que Abel ”calou a boca” de muita gente.
Eduard Atuesta tem sido mais uma vítima desse tipo de crítica. Críticas essas que são fruto da ignorância futebolística de muitos torcedores (e infelizmente de alguns jornalistas brasileiros). Acaba sendo mais fácil fazer um juízo de valor precipitado, sobre um jogador que não se conhece, uma liga que não se conhece, do que buscar informações precisas e confiáveis sobre o desempenho de um atleta ou campeonato.
Por exemplo, o nível técnico da MLS volta e meia é posto em xeque sem uma base sólida. E isso é um dos fundamentos da maioria das críticas que Atuesta tem recebido. Mas vejamos. Em recente entrevista ao Território MLS, Talles Magno, campeão com o New York City, disse que é a liga mais difícil que ele já jogou.
Gonzalo Higuaín, em entrevista a um jornalista argentino, revelou ter se surpreendido com a competitividade da liga, que era maior do que ele esperava. Mas claro que o sujeito que assistiu o primeiro tempo de um jogo da MLS há 3 anos tem toda razão quando diz no Twitter que a liga é fraca (contém ironia).
Assim como Hulk e Abel Ferrreira calaram os críticos que o subestimaram, Atuesta pode agora fazer o mesmo. Claro que existe a chance dele não ter um grande desempenho com a camisa do Palmeiras. Futebol não é uma ciência exata. Ele pode dar errado no time alviverde, assim como vários jogadores já deram no futebol brasileiro, em vários contextos.
Eduard Atuesta é um volante muito qualificado. Quem o acompanhou de fato no Los Angeles FC sabe disso. E essa ignorância futebolística pelo menos tem um lado bom. Vai ser interessante ver os atuais críticos do colombiano se rendendo ao futebol dele, caso ele faça sucesso pelo Verdão. Quem viver verá.
* As opiniões emitidas nesta coluna não necessariamente refletem de forma integral o posicionamento do Território MLS, portanto são de responsabilidade do autor
(Capa: Reprodução/Twitter Eduard Atuesta)
O brasileiro que acompanha futebol carrega consigo, muitas vezes, a arrogância de achar que ainda somos o país do futebol e que nossos jogadores são os melhores. Não abrem os olhos para os campeonatos estrangeiros e desta forma, tem opiniões totalmente desconectadas da realidade.