O comissário comentou, entre outros assuntos, a declaração de Neymar, que afirmou em entrevista para podcast de Ronaldo Fenômeno, que gostaria de jogar na liga estadunidense pelo “longo período de férias”
Nesta terça-feira (22), o comissário da Major League Soccer, Don Garber, revelou em longa entrevista coletiva, detalhes sobre a busca por interessados pela trigésima franquia na Major League Soccer e o desejo de um novo acordo pelos direitos de transmissão. O comissário, que está no cargo desde 1999, também falou sobre outros assuntos como o acordo de igualdade salarial com a seleção feminina, além da polêmica declaração do atacante brasileiro Neymar, concedida ao “Fenômenos Podcast”, na última segunda-feira (21).
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NEYMAR E A VISÃO DA LIGA INTERNACIONALMENTE
Craque do Paris Saint-Germain/FRA e do Brasil, Neymar foi citado por sua declaração de que adoraria passar pelo menos um ano jogando na MLS. O jogador de 30 anos fez referência à temporada “mais curta” da liga e sugeriu que isso poderia ajudá-lo a estender sua carreira.
Companheiro do brasileiro, Lionel Messi foi associado ao Inter Miami, após Jorge Mas, proprietário do clube, expressar seu interesse no jogador de 34 anos. Há cerca de um ano, o argentino afirmou estar interessado em experimentar a vida nos Estados Unidos e na liga.
Questionado sobre a chegada de Neymar ou Messi à América do Norte, Garber foi bastante reservado.
“Queremos que nossa história seja sobre jovens jogadores que estão chegando aqui nos estágios iniciais de suas carreiras ou no auge de suas carreiras, e tornando nossa liga sua liga de escolha. Você viu uma mudança dramática de onde estávamos para onde estamos hoje”, mencionou ele, referindo-se às recentes contratações de jovens como Jairo Torres (Chicago Fire), Alan Valasco (FC Dallas) e Thiago Almada (Atlanta United).
“Quando pensamos em trazer jogadores com 30 anos ou menos, fico orgulhoso disso. No que se refere a quando eles envelhecem, se isso faz sentido, ótimo. Se eles não estão aqui para jogar e ser um grande contribuinte para o clube e para a nossa liga e para respeitar a liga e seus fãs, então não os queremos na Major League Soccer. Consequentemente, não precisamos trazer um jogador de grande nome no final de sua carreira porque eles decidiram que gostariam de se aposentar na MLS”.
Entretanto, Garber cita os casos de Thierry Henry e David Beckham, que deram certo, e aparenta estar otimista com a chegada do suíço Xherdan Shaqiri, de 30 anos, que se junta ao Chicago Fire.
“Não consigo imaginar o que [a MLS] seria sem jogadores assim, mas você também pensa em Josef Martínez, em Miguel Almirón [ex-craque de Atlanta] e em alguns dos jogadores que chegaram recentemente. Eles são o que fazem da liga o que é hoje”.
O comissário se demonstrou irritado com a alcunha de “liga de aposentadoria” e é algo que promete combater, mesmo que não seja um processo rápido.
“Quando Zlatan [Ibrahimović] deixou [o LA Galaxy] ninguém disse que ele foi se aposentar na Itália. Fiquei insultado com isso, porque se Zlatan viesse até nós com a mesma idade que ele voltou para o Milan, seria uma ‘aposentadoria’ de sua parte. Ele trabalhou duro na MLS, assim como está na Série A Italiana. Então, não tenho certeza do porquê somos vistos de maneira diferente”, conclui.
FRANQUIA DE LAS VEGAS
A MLS continua esperando que Las Vegas consiga uma vaga para se tornar a 30ª equipe no campeonato. Estreante nesta temporada, o Charlotte FC é o 28º clube a ingressar na maior competição de futebol nos Estados Unidos. Já o St. Louis City SC, que começará a jogar a partir do próximo ano, será o 29º. A liga vem negociando exclusivamente com o coproprietário do Aston Villa e do Milwaukee Bucks, Wes Edens, e seu parceiro no clube da Premier League, o bilionário egípcio Nassef Sawiris, há meses.
“Esperamos finalizar algo no primeiro terço do ano, dando-nos muitos, muitos anos antes que a equipe seja lançada”, afirmou Garber, que pretende introduzir a nova franquia na MLS em 2025/2026. “Os acordos de expansão são complicados em qualquer mercado, e certamente indo para um lugar que exige, neste caso, um estádio específico para futebol, você tem que ter certeza de que tudo está alinhado na comunidade, com a construção de uma base de fãs e politicamente. Certamente temos que fazer um acordo com Wes e seus parceiros”, acrescentou.
O comissário ainda explicou o porquê da escolha para instalação de uma nova equipe em Las Vegas, já que há cidades maiores e com mercado de mídia superior ainda sem clubes: “O tamanho do mercado no futuro da mídia provavelmente será menos importante do que o engajamento do mercado”, explicou. “Então, estamos pensando onde está o crescimento futuro e onde pensamos que a MLS pode ter sucesso? Como será daqui a 10, 20, 30 anos, ou por mais gerações? Quando olhamos para Las Vegas e todo o crescimento e oportunidades – como um trem elétrico, que conectará Los Angeles a Las Vegas – nós, como as outras ligas, estamos muito otimistas com este mercado”.
A localização da trigésima equipe é uma decisão importante, porque não há planos atuais de expansão além dessa quantidade. Garber não disse que seria um número final, mas prometeu uma pausa.
“Além de Las Vegas… temos que fazer uma pausa e colocar nossas 30 equipes em ação”, declarou. “E então podemos decidir se [a MLS] expandirá além de 30 para 31 ou para 32… Então, à medida que o futebol se torna mais popular e mais cidades cogitam a oportunidade com seus fãs e suas comunidades de sediar um clube da primeira divisão, temos que processar tudo e determinar se a MLS será uma liga de 32 equipes em algum momento no futuro. Contudo, temos algum tempo para descobrir isso. Não há cronograma para qualquer decisão além de 30 equipes”.
NEGOCIAÇÕES POR NOVO ACORDO DE TRANSMISSÃO
Com contrato de direitos de mídia se encerrando ao final desta temporada, a liga negocia um novo contrato de transmissão de suas partidas. No acordo vigente, assinado há oito anos, a MLS recebe cerca de US$ 90 milhões por temporada da ESPN, Fox, Univision e outros.
“Um novo acordo de direitos de mídia deve estar pronto até o final de março”, acredita Garber. “Ainda não chegamos lá. É um pacote único sem precedentes, com cada jogo, seja um jogo linear tradicionalmente nacional, localmente em nossos mercados nos EUA, ou global; tudo isso está em um pacote com a Leagues Cup. Como seria de esperar, há muito interesse nisso”, revela.
O comissário se mostrou não estar fechando somente com a televisão e está atento as novas plataformas de streaming: “À medida que o mundo continua a mudar da perspectiva da mídia, estamos conversando com qualquer pessoa que esteja nesse negócio, seja um streamer, seja uma empresa de mídia mais tradicional. Espero poder finalizar algo em breve”, concluiu.
Segundo a CNBC, a liga busca receber, neste novo acordo, por volta de US$ 300 milhões por ano.
PROTOCOLOS CONTRA A PANDEMIA DO COVID
Com a maior parte dos atletas vacinados (cerca de 97%), a liga será mais flexível para este ano. Durante a temporada, os jogadores vacinados serão testados apenas se estiverem sintomáticos, enquanto os jogadores não vacinados serão testados “com mais frequência”, promete o comissário.
“Aplaudo nossos jogadores e nosso sindicato por fazerem tudo o que podem para se manterem saudáveis e seguros, e espero que os 97% cresçam para 100% em algum momento”, encerrou.
ATUAL GESTÃO DA FEDERAÇÃO ESTADUNIDENSE DE FUTEBOL E ELEIÇÕES
Membro influente do conselho de administração do futebol americano, Garber se esquivou de entregar uma posição na próxima eleição presidencial entre a titular Cindy Parlow Cone, e seu antecessor, Carlos Cordeiro na federação dos Estados Unidos. No entanto, afirmou que a MLS planeja convidar os dois candidatos para falar com os donos dos clubes. A liga também tem direito à opinião sobre o resultado da eleição com sua participação no conselho profissional da entidade. A votação está marcada para 5 de março.
“Os donos dos clubes da Major League Soccer, que investiram, neste momento, bem mais do que US$ 12 bilhões na liga, devem ter a oportunidade de conversar com os presidentes em potencial para ver quem liderará a federação durante este período muito importante de crescimento que antecede a Copa do Mundo [de 2026]”, pensa.
Embora não tenha endossado Parlow Cone, Garber elogiou seu trabalho na navegação do futebol americano pela pandemia e no acordo de igualdade salarial com a seleção feminina, anunciado na manhã de terça-feira.
“O que ela conseguiu alcançar nos últimos dois anos, gerenciando a federação durante uma pandemia… Ela foi colocada no cargo quando Carlos renunciou e teve que enfrentar vários desafios enormes, entre os quais vários processos e litígios com a seleção feminina dos EUA”, finaliza.
Capa: (Reprodução/ AP Photo/Richard Drew)
