Em meio à polêmicas envolvendo a FINA, uma das principais futebolistas dos Estados Unidos demonstra descontentamento com o panorama
Em entrevista concedida para a revista Time nesta segunda-feira (20), a meia-atacante da seleção dos Estados Unidos, Megan Rapinoe, declarou ser a favor da inclusão de atletas transsexuais no esporte e professou críticas, afirmando que os argumentos a favor da limitação ou proibição dessas pessoas são “cruéis e repugnantes”.
Bicampeã do mundo, a veterana de 36 anos negou a hipótese de que mulheres trans dominam os esportes femininos e ressaltou a existência de regulamentações para impedir possíveis desvantagens e irregularidades em competições profissionais.
“Não é como se fosse uma disputa sem regras onde todo mundo está apenas fazendo o que quer”, disse.
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Rapinoe reforçou a importância de dar visibilidade para transsexuais não só no esporte como na sociedade. Segundo a jogadora do OL Reign, da NWSL, não se deve priorizar competições como “voleibol do ensino fundamental para crianças” que as vidas e o bem-estar de pessoas transgêneros. A atleta também reforçou a falta de políticas públicas para evitar situações de transfobia.
“Penso que as pessoas também precisam entender que o esporte não é a coisa mais importante da vida, né? A vida é a coisa mais importante. Muito desse argumento de inclusão trans foi colocado pelas lentes extremamente pequenas dos esportes de elite. Como se fosse assim que precisamos formular essa questão. Estamos falando de jovens, que estão sendo atacados pelos governos de alguns estados. Eles estão cometendo suicídio, porque estão sendo informados de que são nojentos, diferentes, maus e pecaminosos e que não podem praticar esportes com seus amigos com os quais cresceram. Sem mencionar a tentativa de tirar os cuidados de saúde. Acho monstruoso”, acredita.
Uma das maiores ativistas dos direitos da comunidade LGBTQIA+ no esporte, a fala de Rapinoe ganha ainda maior peso dado ao momento atual. Neste mês de junho, quando se comemora o ‘Pride Month’ (Mês do Orgulho), a Federação Internacional de Natação (FINA) anunciou a proibição da participação de mulheres trans em competições de alto nível.
A decisão foi tomada devido às declarações da nadadora Lia Thomas, da Universidade da Pensilvânia, onde afirmou possuir vantagens contra as demais competidoras por iniciar a transição de gênero após a puberdade. A atleta tem quebrado recordes na natação ao nível universitário.
Apesar das quebras de recorde por Lia, a jogadora da USWNT negou que todas atletas transgêneros estão se sobressaindo nos esportes e reafirmou a necessidade de englobar essas pessoas até para realização de mais estudos, pesquisas e dados sobre o assunto antes que uma decisão final seja realizada.
“Mostre-me a evidência de que as mulheres trans estão ganhando todas as bolsas de estudos, dominando todos os esportes e ganhando todos os títulos. Sinto muito, isso simplesmente não está acontecendo. Então, precisamos começar da inclusão e ponto final. À medida que as coisas surgem, tenho confiança de que podemos descobrir, mas não podemos começar pelo contrário. Isso é cruel e, francamente, é simplesmente nojento”, conclui.
Neste ano, Rapinoe e outras jogadoras conseguiram realizar mudanças progressistas no esporte. Em fevereiro, a Federação de Futebol dos Estados Unidos (US Soccer) e jogadoras do futebol feminino do país entraram em acordo para que a seleção feminina receba o mesmo salário que o da seleção masculina. A repercussão do direito conquistado reverbera em outras nações. Neste mês, os jogadores da seleção canadense de futebol masculino também protestaram pela igualdade salarial entre gêneros.
(Capa: Reprodução/ Instagram USWNT)
