Na quarta edição da coluna MLS Drops, Pedro Luis Cuenca fala sobre a falta de títulos do New York Red Bulls e os decepcionantes últimos resultados
Eu tenho um grande carinho por quase todas as franquias da Major League Soccer. Algumas mais do que outras, sempre de graça, como o FC Dallas e seus jovens ou a atmosfera incrível do Seattle Sounders. Outras, porém, me desagradam um tanto, mas acho que nenhuma supera o New York Red Bulls pelo que faz dentro e fora de campo. O texto de hoje é sobre isso, mas prometo pegar leve.
Em 1996, a MLS começou suas atividades oficialmente e a maior cidade do país obviamente ganhou um time para representá-la, o NY/NJ MetroStars. No início, até que foi decente, inclusive com bons resultados dentro da Conferência Leste, especialmente o título em 2000. Depois, veio a decadência até a chegada da empresa de energéticos Red Bull para renascer a franquia.
Craques foram contratados pelo RBNY, como Juninho Pernambucano e Thierry Henry. A missão era bem clara: vencer a MLS e conquistar o continente. Um plano ambicioso, é verdade, mas que poderia ser cumprido com a força da companhia por trás do time. A base logo foi priorizada, mas disso falamos depois. Na MLS, cinco títulos de conferência e três conquistas da Supporters’ Shield.
Apesar do bom desempenho, o RBNY só chegou na MLS Cup, a grande decisão do torneio, uma única vez, em 2008. Perdeu para o Columbus Crew. É a sina do time. Sempre bate na trave, sempre fica pelo caminho, sempre encontra alguém jogando melhor mesmo depois de dominar a liga na temporada regular. Algumas eliminações parecem inexplicáveis até hoje, como a dolorida derrota para o Montreal Impact em 2016, dentro de casa, ou na semifinal da ConcaChampions de 2018, para o Chivas.
Henry chegou, jogou e saiu. Bradley Wright-Phillips fez história e se aposentou. Luís Robles pegou até pensamento e saiu de cena. As promessas subiram para o profissional e logo voaram para a Europa, como Matt Miazga e Tyler Adams. O técnico Jesse Marsch deu seu estilo de jogo, mas foi para o velho continente também. Em comum? Nenhum deles levantou uma única taça pelo New York Red Bulls, simples assim.
Quase dez anos depois, o mais próximo de título para o RBNY foi a US Open Cup de 2017, mas o time não conseguiu fazer frente ao Sporting Kansas City e foi dominado durante o jogo. Resultado final? Derrota por 2 a 1 e novo gosto amargo na boca do torcedor. Calma… torcedor? É, isso ficou estranho, ainda mais se notarmos como a Red Bull Arena tem ficado mais e mais vazia a cada temporada que passa.
E não é de se estranhar. Esse ano, o fiasco foi na US Open Cup, de novo. Após passar pelo rival New York City – e vamos falar dele daqui a pouco -, caiu na semifinal para o Orlando City. Até aí, ok, pode ser considerado um resultado normal. Sim, pode, mas não é comum levar 5 gols seguidos e perder de virada. Ainda mais em nova jornada lamentável do zagueiro Aaron Long, da seleção americana.
Uma semana depois, o time voltou a jogar oficialmente, pela MLS, contra o Colorado Rapids. Em casa, abriu 3 a 1 de vantagem e desperdiçou tudo no segundo tempo, perdendo por 5 a 4. Sem os brasileiros Carlos Coronel, goleiro do time, e o meia Luquinhas, diria que a situação seria bem pior. O RBNY parece ter medo de ser campeão, algo que não combina, como água e óleo.
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A situação é ainda pior se compararmos com o New York City. A franquia azul chegou na MLS em 2015 atraindo muitos olhares e quase sempre marcando presença nos playoffs, ausente apenas no ano de estreia. O NYC já conquistou título de conferência é verdade, mas o auge foi em 2021, quando levou a MLS Cup de maneira surpreendente, após uma temporada regular cheia de altos e baixos.
É preciso entender o que faz o New York Red Bulls cometer tantos erros e falhar na missão de ser campeão. É como o aluno que brilha nas aulas, mas esquece tudo na hora da prova e acaba ficando de recuperação. Uma roda de falhas que se reflete no desinteresse do público, na perda de empenho do grupo que comanda a franquia – visto que há anos não pinta um reforço estelar – e até mesmo da liga, que começa a preferir o queridinho NYC. Um combo de problemas que começa a gerar uma pergunta: até quando a Red Bull vai brincar de comandar um clube nos EUA?
(Capa: Reprodução/ Twitter New York Red Bulls)