Peça cada vez mais rara no futebol brasileiro, a MLS conta com atacantes sul-americanos que poderiam fazer sucesso no país pentacampeão mundial
Escrevo este texto pouco depois de tomar conhecimento da transferência do atacante Cristian “Chico” Arango, que está em vias de trocar o LAFC pelo Pachuca, do México. Arango, aos 27 anos, acumula passagens por Portugal e Espanha, mas alcançou maior destaque no Milionários, da Colômbia, onde marcou 19 gols em 68 partidas.
Seu desempenho fez com que o LAFC desembolsasse US$ 3 milhões, em 2021, para contar com o futebol do artilheiro. Passados dois anos de sua chegada, Arango se mostrou um goleador ainda mais prolífico nos Estados Unidos, com 30 gols e sete assistências em 51 partidas. Foi peça chave no LAFC que conquistou a MLS Cup de 2022.
Agora vem a problematização.
Com tantos clubes brasileiros em busca de um homem gol – algo cada vez mais raro no futebol brasileiro – a ida de Arango para o Pachucha me deixa pensativo: por que nenhum dirigente brasileiro aproveitou o encerramento da temporada nos Estados Unidos para fazer uma proposta para o LAFC pelo colombiano?
Alguns dirão sobre a fracassada experiência de Fábio Gomes pelo Atlético Mineiro, mas ressalvo que o mesmo clube se deu bem ao explorar o mercado da Major League Soccer quando buscou o serelepe Savarino no Real Salt Lake. O sucesso do venezuelano foi tanto que é muito comum ver torcedores atleticanos lamentar quando Savarino fez o caminho inverso e retornou ao mesmo Real Salt Lake.
A MLS reúne bons nomes que poderiam atuar no futebol brasileiro (mais abaixo no texto).
Arango reúne muitos requisitos necessários a um homem gol: alto, forte e com boa capacidade de finalização. Certamente teria espaço no São Paulo, Vasco, Cruzeiro, Fluminense, Botafogo, América Mineiro, Bahia, Santos, apenas para nomear alguns.
Para quem tem bolso cheio
Outro colombiano que poderia ser solução para clubes brasileiros também joga na MLS. Entretanto, “Chucho” Hernández, de 23 anos, seria um alvo um pouco mais difícil de se conseguir por conta dos US$ 9 milhões pagos pelo Columbus Crew ao Watford, da Inglaterra,
Além da Premier League, Hernández acumula experiências na Espanha, onde atuou por Huesca, Mallorca e Getafe. Não tão alto (1.76m), pode atuar como referência na área e também se deslocar pelos lados, principalmente pelo flanco direito do ataque. Desde que chegou ao Columbus, no ano passado, já balançou as redes em nove oportunidades, em 16 jogos.
Mais nomes
Leonardo Campana foi revelado pelo Barcelona, do Equador. Do país da América do Sul, foi se aventurar pela Europa, incluindo uma passagem pelo Wolverhampton, da Inglaterra. Sem espaço, caiu como uma luva no ataque do Inter Miami em 2022.
Em uma equipe que buscava se estabelecer na MLS depois de dois anos turbulentos – incluindo multas da liga sobre questões salariais envolvendo jogadores designados. Campana se provou eficiente e, em 28 jogos no total pelo Inter Miami, balançou as redes 12 vezes e fez com que o clube de David Beckham desembolsasse US$ 3 milhões ao Wolverhampton para comprar os direitos do equiatoriano.
Entretanto, o atacante terminou 2022 lesionado e acabou fazendo falta ao clube nos playoffs da Conferência Leste (eliminado pelo New York City na partida que determinou a aposentadoria de Gonzalo Higuaín dos gramados). É mais um nome que poderia cair bem em um clube brasileiro.
Julián Carranza se profissionalizou no Banfield, da Argentina, depois de passar pela canteras do clube. Depois de 48 jogos pelo Taladro – 11 gols e duas assistências -, atraiu a atenção do Inter Miami (olha ele aí mais uma vez!), que pagou quase cinco milhões e meio de dólares pelo argentino.
No bagunçado clube da Flórida, Carranza não rendeu. Prova disso são seus números por lá: parcos três gols em 42 partidas.
Emprestado pelo Inter para o Philadelphia Union e treinado por Jim Curtin, o futebol do argentino voltou. Formando um dos trios de ataque mais prolíficos das MLS na temporada passada com Mikael Uhre e Dániel Gazdag, Carranza ajudou o Union a disputar a MLS Cup pela primeira vez em sua história. Em 35 partidas, o argentino marcou 15 gols e também se destacou pelas assistências: sete.
Como seu contrato era de empréstimo com opção de compra, o Philadelphia Union não teve dúvidas e, já na metade de 2022, exerceu o direito contratual para a permanência de Julián Carranza.
(Capa: Celso Oliveira/Território MLS)
