Perder não é um sentimento dos mais agradáveis, claro. Com gol nos últimos minutos, desviando na zaga, é uma das coisas mais cruéis que o futebol pode nos apresentar.
E foi exatamente isso que aconteceu hoje no Marrocos, quando o Seattle Sounders acabou eliminado do Mundial de Clubes pelo Al Ahly. É importante, porém, que tenhamos a cabeça no lugar antes de apontar dedos depois da decepção.
Antes de qualquer análise, precisamos sempre lembrar que foi a primeira participação de um time da Major League Soccer no Mundial, após domínio dos clubes mexicanos e até uma rara apresentação do Deportivo Saprissa, da Costa Rica, lá no distante ano de 2005. E, sim, a eliminação machuca demais, mas precisamos lembrar que nossos vizinhos não fizeram muito melhor no passado, com exceção do forte Tigres de 2021, que chegou à final eliminando o Palmeiras antes de perder a decisão para o poderoso Bayern.
Depois dessa consideração, é preciso ver a situação do Sounders. Jogadores voltando de lesão, time sem atuar oficialmente em 2023 e sem uma partida desde outubro do ano passado, quando acabou eliminado na temporada regular da MLS. Sim, a primeira vez que o time se ausentou dos playoffs, ainda mais depois do título da ConcaChampions, pesou muito internamente. Sem bons jogadores machucados, o time ficou capenga e não rendeu o mesmo de anos anteriores. Ok, nada caótico, mas ainda preocupante se pensarmos em preparação para o Mundial.
No jogo, Seattle começou razoavelmente acuado, mas logo equilibrou a partida. A marcação do Al Ahly seria dura, então o importante era manter a posse de bola e ir cavando espaços na defesa adversária, sem tomar contragolpes. Foi até o que aconteceu na primeira etapa, ainda que sem muita pontaria. O problema foi o desastroso segundo tempo, que já desenhava problemático desde os primeiros minutos.
Sem ritmo de jogo e cansado, Seattle foi recuando as linhas e ficando cada mais exposto ao time egípcio. Não demorou muito para Frei trabalhar no gol, enquanto a zaga até fazia uma defesa segura. Só que aí veio a grande diferença, diretamente do banco, e nem falo especificamente dos jogadores, mas dos treinadores. Brian Schmetzer, técnico do Sounders, ficou olhando o jogo passar e se complicar. Por outro lado, o rival mudou três vezes na metade da etapa final e ficou ainda mais forte.
Sem ligação para o ataque, com volantes e zagueiros cansados, Lodeiro e Ruidíaz sumiram de vez. Jordan Morris virou um peso lá na frente e não ajudava na recomposição. Nesse cenário, aos 43 minutos, Leyva – que tinha entrado minutos antes – errou um passe na entrada da área e saiu o gol do Al Ahly com todos olhando o chute adversário ainda desviar em Álex Roldán. Depois disso, claro, entraram duas peças ofensivas, mas já era tarde demais.
Não é hora de jogar pedras no clube ou nos jogadores, principalmente na MLS. O Seattle Sounders fez um jogo digno e perdeu em um ingrato detalhe. Se for para culpar alguém, que seja o treinador Brian Schmetzer pela teimosia. Para uma primeira vez, ficam os aprendizados e a sensação de que a história do futebol americano ainda está sendo escrita, mesmo que com tropeços e erros no caminho.
(Capa: Reprodução/Twitter/Seattle Sounders)