Pedro Luis Cuenca é jornalista e acompanha a MLS desde seus primórdios. Conhece como ninguém o que se passa no “soccer”
A Leagues Cup nunca foi um torneio de muito prestígio. Criada em 2019, de forma sem pé nem cabeça, segue sendo modorrenta e nem mesmo a chegada de Lionel Messi ou a final divertida a salvou na atual temporada. É uma aberração que não deveria existir, mas que vai seguir nos entediando no meio de cada ano.
No primeiro ano, a Leagues Cup tinha 8 equipes, sendo 4 potências mexicanas e 4 times aleatórios escolhidos na MLS. Como era de se esperar, dois mexicanos fizeram a final. Depois a Covid-19 impediu a realização do campeonato em 2020, que retornou no ano seguinte com título do León. Em 2022, terminou sem campeão por falta de espaço no calendário.
Agora, com a expansão da ConcaChampions, a Leagues Cup também cresceu e passou a contar com 47 equipes, sendo 15 grupos com três equipes e os campeões de MLS e Liga MX classificados diretamente para o mata-mata. Um torneio inchado que, no fim, renderia uma vaga para a ampliada competição continental. Mesmo com tudo isso, faltou sal desde o início.
A atual edição da Leagues Cup foi disputada entre 21 de julho e 19 de agosto. Para os mexicanos, entre as competições oficiais. Para os da MLS, no meio da temporada. Nos dois casos, um inchaço no número de partidas para jogadores que já se queixam de cansaço, ainda mais no ápice do verão. Parar piorar, e desnivelar o torneio, tudo aconteceu nos Estados Unidos ou no Canadá.
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Os jogos no verão renderam os mesmos problemas de sempre: atrasos por conta do clima, calor excessivo e até problemas logísticos, além de partidas adiadas. No fim, uma bagunça para jogos que muitas vezes não valiam muito por conta dos grupos de 3 times. Era notável, por exemplo, que muitos mexicanos não estavam levando o torneio muito a sério e foram deixando a disputa aos poucos.
Uma boa amostra é que só dois mexicanos alcançaram as quartas de final – Monterrey e Querétaro – e só um deles avançou de fase. E não é como se os americanos sejam tão superiores assim, mas os níveis diferentes de temporada fizeram a diferença em campo, além da ambição por um torneio insosso.
No fim, a única grande atração teve nome e sobrenome: Lionel Messi. Contratado pelo Inter Miami poucas semanas antes da Leagues Cup começar, o argentino melhor do mundo fez sua estreia justamente no torneio, contra o Cruz Azul, e imediatamente mostrou a diferença. Com o talento de sempre, carregou a frágil equipe que ocupa as últimas posições da MLS até um antes improável título. E com gols em todos os jogos, terminando como artilheiro.
A Leagues Cup de 2023 serviu para provar que o torneio não vale nada, é totalmente esquecível. Mudou a vida apenas do Inter Miami, que viu desacreditados atletas ganharem a companhia de Messi, Busquets e Alba na conquista de um título. De resto, ninguém se importou muito. E faz sentido, os outros jogos foram horríveis mesmo. Que esse campeonato não volte em 2024.
(Capa: Reprodução/Inter Miami)