No GEODIS Park, em Nashville, o LAFC foi derrotado por 1 a 0 pelo Espérance de Tunis e deu adeus precocemente à Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2025.
Foram duas derrotas, nenhum gol marcado e muitas perguntas sem resposta. O torneio que prometia ser a vitrine da MLS com o LAFC como protagonista virou um espelho rachado da liga com todas suas fragilidades e peculiaridades para torcedores no cenário mundial.
Chances perdidas, lições duras
🤩 Late game heroics for E.S. Tunis!#FIFACWC pic.twitter.com/JBr3PUAx8H
— FIFA Club World Cup (@FIFACWC) June 21, 2025
O gol da vitória tunisiana saiu aos 70 minutos, com Youcef Belaïli, após confusão na área do LAFC. A equipe de Steve Cherundolo até criou: viu um gol anulado por impedimento no primeiro tempo e teve chance de empatar nos acréscimos, mas Denis Bouanga desperdiçou um pênalti.
Hugo Lloris, mais uma vez, foi destaque com quatro defesas importantes. Mas nem ele conseguiu esconder o que já era evidente: o LAFC não estava à altura do desafio.
Torcida presente — mas não a do LAFC
Esperance de Tunis 🇹🇳 beat LAFC 🇺🇸 1-0 at the 2025 FIFA Club World Cup.
They are the second African team to win a game at the 2025 FIFA Club World Cup. pic.twitter.com/Rd1S9gjq34
— Africa Facts Zone (@AfricaFactsZone) June 21, 2025
A torcida do Espérance transformou o GEODIS Park em um mar vermelho e amarelo. Já os torcedores do LAFC, conhecidos por acompanhar o time até em jogos distantes, quase não compareceram. O motivo? Passagem aérea de quase US$400 em dia de semana, somado ao fato de muitos já terem ido a Atlanta ver a equipe contra o Chelsea ou estarem guardando forças (e dinheiro) para Orlando para o jogo, agora sem significado, contra o Flamengo.
Bouanga pressionado, Cherundolo em contagem regressiva

Bouanga, astro da MLS, foi sombra de si durante os dois jogos. Contra adversários internacionais, pareceu previsível e pouco eficiente: perdeu um gol feito contra o Chelsea e desperdiçou a chance de sua equipe ao menos não passar o vexame de acabar em último no grupo e ser conhecida como a primeira equipe a ser despachada do Mundial… “Foi da MLS, é claro”, dirão os críticos da liga norte-americana. É o típico jogador “bom para a MLS”, mas insuficiente em torneios de alto nível? Talvez sim.
Mas assim como o caso de Giroud, o sistema de jogo da equipe às vezes não ajuda um jogador como ele. De qualquer modo, essa exibição pode tanto afundar seu valor de mercado quanto o motivar a dominar o campeonato local. Ou empurrá-lo para fora.
Cherundolo, por sua vez, já anunciou que deixará o cargo ao fim de 2025. Fontes próximas ao clube indicam que Ante Razov é o nome mais cotado internamente, enquanto nomes como Jim Curtin e Josh Wolff são mencionados com ceticismo. A dúvida: será que é hora de buscar alguém de fora da bolha MLS?
O ano em que Thorrington errou feio

O histórico do dirigente da equipe John Thorrington como executivo é respeitável, mas 2025 está sendo um desastre:
-
Lewis O’Brien saiu, mesmo podendo ser o terceiro jogador designado. No lugar dele, chegaram Cengiz Ünder, que se machucou e foi embora, e Javairô Dilrosun, que ainda não justificou sua contratação até porque ela acabou de acontecer.
-
Matty Bogusz foi vendido e venceu a CCC com o Cruz Azul.
-
Odin Holm, Frankie Amaya e Ryan Raposo ainda não entregaram nada perto do que Eduard Atuesta fazia em seus bons dias.
É difícil acreditar que essa sequência de decisões tenha sido a melhor possível.
Giroud, Lloris e o “não” de Griezmann

Olivier Giroud deve sair no fim do ano. Hugo Lloris ainda não decidiu se fica, mas a possibilidade de retorno à Europa cresce — principalmente com o fracasso da “operação Griezmann”, que preferiu permanecer no continente.
Do ponto de vista europeu, vir para os EUA não parece tão atraente quando se vê um campeão mundial como Giroud limitado por um sistema pragmático, com pouca bola no pé e muitos minutos defendendo em bloco baixo. Foi o que os torcedores do LAFC batizaram de “Dolo-ball”.
Cherundolo até admitiu certa rigidez: “Se eles marcam assim, é porque eu sou um chato nos treinos”. Só que contra times como o Espérance, que também sabem sofrer sem a bola, a falta de criatividade expôs o limite desse estilo.
Expectativas frustradas, narrativas desfeitas
A eliminação do LAFC é um golpe duro para a MLS. Salvo Messi, o LAFC simbolizava a chance da liga mostrar relevância global com um projeto sólido, técnico e bem estruturado em uma das maiores cidades do mundo e palco da Copa do Mundo em 2026. Mas o que o mundo viu foi um time limitado, dependente de poucos nomes, travado por regras de elenco e sem resposta diante da pressão.
No campo, o venezuelano David Martínez, visto como a grande promessa da equipe em 2025, continua sendo enigma: potencial, mas pouca maturidade. Ele estava impedido no gol anulado do primeiro tempo — e dias antes, acertou involuntariamente uma bola no rosto de Nathan Ordaz, que ficou fora da partida com concussão.
O futuro: reconstrução à vista
Com uma enxurrada de contratos prestes a expirar — Hollingshead, Tillman, Giroud, Lloris, Amaya, Palencia, Marlon, entre outros —, o GM JT Thorrington terá de repensar o elenco inteiro. A promessa de um time global, competitivo e moderno ficou para trás. E até os torcedores mais fiéis já questionam: qual é o plano agora?

O Mundial de Clubes 2025 era a oportunidade de ouro para mostrar que a MLS pode competir de igual para igual com potências globais. O que se viu foi o contrário. Seattle, ao menos, tentou. O LAFC decepcionou. A cortina se fechou — e desta vez, sem aplausos.