A Copa Ouro 2025 deveria ser o último grande ensaio da seleção masculina dos Estados Unidos antes do Mundial em casa. Mas, em vez de gerar entusiasmo, a convocação virou foco de críticas — dentro e fora de campo.
A ausência de nomes como Christian Pulisic, Yunus Musah e Antonee Robinson não passou despercebida. A justificativa oficial? “Pedidos pessoais” para não participar. Pulisic, por exemplo, atingiu sua maior carga de minutos em uma temporada (3.650) e terá sua primeira folga prolongada desde 2023. Robinson realizará uma cirurgia fora de temporada, enquanto Musah alegou “motivos pessoais” — sem maiores explicações.
Para o torcedor, essas ausências poderiam ser compreensíveis se viessem acompanhadas de comunicação transparente. Mas o silêncio dos atletas e da federação só aumentou o desconforto. E a crítica ganhou corpo com vozes históricas do futebol americano.
Em seu podcast Unfiltered Soccer, Landon Donovan e Tim Howard não esconderam a frustração. Donovan destacou a contradição dos jogadores que pediram descanso, mas atuaram os 90 minutos nas rodadas finais por seus clubes. “Se há algo sério acontecendo, a gente entende. Mas o mínimo seria dizer publicamente o porquê. Isso só ajudaria”, comentou o ex-capitão da seleção.
Já Howard foi mais incisivo e cobrou ação da cúpula da US Soccer:
“Precisava ter gente em aviões, jantando com diretores em Milão ou Londres, explicando as prioridades da federação”, disparou. Para ele, a falta de influência nos bastidores mostra uma USMNT “sem poder nem seriedade”.
Oportunidades, mas também questionamentos
Nem tudo na convocação foi negativo. Jovens como Quinn Sullivan (Philadelphia Union) e Sebastian Berhalter (Vancouver Whitecaps) ganham suas primeiras chances. Malik Tillman, Diego Luna e Jack McGlynn retornam com expectativa de garantir vaga no elenco da Copa de 2026.
Por outro lado, algumas escolhas reforçam a percepção de falta de direção. O volante Sean Zawadzki, por exemplo, dificilmente estará no Mundial, mas recebeu chance agora. O goleiro Zack Steffen foi chamado novamente, tomando espaço de promessas como Diego Kochen e Gabriel Slonina.
Com o Mundial de Clubes acontecendo em paralelo — e tirando de cena nomes como Weston McKennie, Tim Weah e Gio Reyna —, já se esperavam desfalques. Mas o problema vai além da ausência: está na falta de projeto claro e conexão com a torcida.
O que está em jogo
Para o técnico Mauricio Pochettino, recém-chegado à seleção, a Copa Ouro virou mais do que um torneio: é a chance de reconectar o time com os fãs. Após um ciclo instável e distante do protagonismo, o momento exige mais do que promessas. A torcida quer identidade, entrega — e pelo menos um plano.
Se 2026 for mesmo o “ano do soccer” nos EUA, ele precisa começar agora. Dentro de campo.