CONCACAF e CONMEBOL sempre habitaram universos separados — 41 países do Norte, Centro e Caribe de um lado; 10 sul-americanos do outro. Mas desde 2023, a relação deixou de ser diplomática e passou a ser um projeto. O que era cooperação virou uma integração técnica, comercial e esportiva que já altera o ecossistema do futebol no continente.
Não é fusão formal. Ainda não. Mas todas as pistas levam na mesma direção.
O que realmente mudou desde 2023
O acordo estratégico assinado há dois anos abriu caminho para calendários conjuntos, produtos globais e competições cruzadas em três frentes.
1. Seleções masculinas
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A Copa América 2024, nos EUA, reuniu as 10 seleções sul-americanas e os 6 classificados da CONCACAF pela Nations League.
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Objetivos declarados: elevar o nível competitivo antes de 2026 e maximizar um torneio premium em solo norte-americano.
2. Seleções femininas
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A W Gold Cup 2024 reuniu Brasil, Colômbia, Argentina e Paraguai para a competição nos EUA.
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Resultado direto: mais jogos de alto nível, mais visibilidade e uma estrutura profissional a que poucas seleções da região tinham acesso.
3. Clubes
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As entidades fecharam o “Final Four” intercontinental: 2 clubes da Libertadores x 2 da Concacaf Champions Cup.
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Meta: rivalidades reais, intercâmbio técnico e estímulo ao scouting entre MLS e clubes sul-americanos.
Victor Montagliani (CONCACAF) define o movimento como “mutuamente benéfico”: integração sem apagar identidades.
Copa América 2028 nos EUA?
Reportagens recentes, como a do The Athletic/ NYT, confirmam negociações para repetir o modelo 10 + 6 em solo norte-americano.
NEW @TheAthleticFC :
Concacaf & Conmebol in talks for 2028 Copa America to be held in United States.
Would be third time U.S. has hosted the event in 12 years and would include Concacaf guest places again. Argentina/Ecuador remain host options too. https://t.co/XlxZNvxbAh
— Adam Crafton (@AdamCrafton_) December 1, 2025
O combo é tentador: infraestrutura pronta, mercado consumidor amplo e proximidade dos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028.
CONCACAF e CONMEBOL: Eliminatórias unificadas para a Copa do Mundo?
É o debate mais sensível — e o mais transformador.
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Hoje:
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CONMEBOL joga um todos-contra-todos desgastante por 4,5 vagas.
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CONCACAF parte de fases com 35 seleções e 3,5 vagas.
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Proposta em Miami:
Uma corrida única, com cerca de oito vagas, distribuídas em blocos competitivos integrados.
Seria a maior mudança estrutural no futebol das Américas desde os anos 1990.
O rumor da fusão completa
O sucesso comercial da Copa América 2024 reacendeu a hipótese de uma confederação única — 51 seleções, um dos blocos mais fortes do mundo fora da UEFA, com uma “Copa América definitiva” como torneio principal.
Mas há obstáculos:
- política interna,
- distribuição de vagas,
- viagens continentais longas,
- Preservação de eventos como a Gold Cup e a Nations League.
Mesmo assim, pela primeira vez, não soa como ficção científica, e sim como algo que, para competir com o bloco europeu, faz sentido, principalmente devido à grande ascensão de jogadores de descendência caribenha, mas nascidos na Europa, que resolveram defender as seleções da CONCACAF.
O que tudo isso significa
A parceria já transcende a administração. É um movimento estratégico para tornar o futebol das Américas mais competitivo, mais global e mais valioso.
Traz estádios cheios, mais visibilidade, maior intercâmbio e confrontos diretos que aceleram o desenvolvimento técnico.
E se a fusão realmente se confirmar?
A pergunta deixou de ser “se”. Indiretamente, as contribuições e interações das duas conferências já ultrapassam resultados e expectativas.
A nova questão é: quem ganha — definitivamente, os Estados Unidos, que se tornam palco da competição, envolvendo toda a América. E quem perde — quando todo o continente jogar como um só?
