Falando no painel de lendas da FIFA, realizado no Kennedy Center em Washington, D.C., Dunga descreveu a partida das oitavas de final, no dia 4 de julho, no Stanford Stadium, como o jogo que quase tirou o Brasil do caminho do tetra.
“Acho que foi o jogo mais difícil do Brasil naquela Copa”, disse Dunga, por meio de um tradutor. “Era o Dia da Independência dos EUA; havia muita motivação do lado deles.”
🟥 Um ambiente hostil e um momento decisivo
Na época, o Brasil era o líder do ranking da FIFA. Já os Estados Unidos, ainda distantes de criar a MLS e ocupando a 23ª posição, eram vistos como coadjuvantes. Mas o que se viu foi diferente: mais de 84 mil torcedores lotaram o Stanford Stadium e empurraram o time da casa para um confronto equilibrado e tenso.
O Brasil desperdiçou várias chances no início, a frustração aumentou e o ponto de virada veio com a expulsão de Leonardo, pouco antes do intervalo. Mesmo com um a menos, a Seleção se manteve firme e marcou aos 72 minutos, com gol de Bebeto, garantindo a vitória magra por 1 a 0.
O resultado levou o Brasil às quartas, onde superou a Holanda e, depois, venceu a Itália nos pênaltis na final no Rose Bowl.
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🇺🇸 Balboa: “Ninguém acreditava na gente em 94”
Para os americanos, aquele confronto se tornou um marco na evolução do futebol no país.
Marcelo Balboa, ex-zagueiro da seleção dos EUA e um dos poucos jogadores com experiência internacional na época, destacou que a confiança daquele grupo vinha de anos de trabalho conjunto, ainda no período pré-MLS.
“Você sonha com isso, respira isso”, disse Balboa. “E quando joga contra o melhor time do mundo numa Copa e aguenta firme, percebe que está realmente no jogo.”
Embora não tenham surpreendido com uma vitória, os EUA ganharam respeito duradouro.
“Ninguém dava nada por nós em 94… mas fomos um time que lutou até o fim”, completou Balboa. “O Bebeto disse isso na época, e o Dunga repete agora — foi um dos jogos mais difíceis do Brasil.”
⚽ A base do futebol moderno nos EUA
A atuação quase histórica naquela Copa acelerou o crescimento do futebol nos Estados Unidos. A MLS foi lançada dois anos depois; academias de base se espalharam pelo país e a exportação de jogadores para a Europa se tornou comum.

Balboa vê uma ligação direta entre aquele momento e a realidade atual.
“Lançamos uma base sólida”, afirmou. “Agora as pessoas olham para os nossos jogadores. Estão assinando com eles mais jovens. Era isso que a gente queria.”
Com os Estados Unidos prestes a co-sediar a Copa do Mundo de 2026, o cenário mudou. A pressão agora faz parte do novo patamar do futebol local.
“Essa nova geração sente a pressão… e é assim que deve ser”, concluiu Balboa. “Temos a chance de mostrar ao mundo o quanto evoluímos nesses 30 anos.”
