“US$ 1,2 bilhão em dívidas… e você quer rebaixar?”: Peter Vermes expõe por que divisões não cabem na MLS

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Peter Vermes, ídolo da seleção norte-americana nos anos 90 e treinador histórico do Sporting Kansas City, não deixou margem para dúvidas quando foi questionado sobre a adoção do sistema de promoção e rebaixamento na Major League Soccer.

“Explique para mim como você diria a um dono que investiu US$ 500 milhões em taxa de franquia, mais US$ 500 milhões em estádio, outros US$ 100 milhões em centro de treinamento e mais US$ 50 milhões em elenco. Esse cara está com US$ 1,2 bilhão em dívidas — e você vai falar que no ano seguinte ele pode cair para a segunda divisão? Como faz isso? Não dá.”

Pete Vermes é um dos principais treinadores da MLS
Reprodução/Sporting Kansas City

A resposta foi dada no programa We Are Soccer e reflete um ponto sensível no debate: a MLS foi construída sobre um modelo de franquias, onde o bilionário investimento inicial é, na prática, uma barreira contra o risco esportivo.

Peter Vermes foi além ao destacar que não é apenas uma questão de dinheiro, mas também de cultura esportiva.

“Às vezes precisamos aceitar quem somos. Nosso país e a indústria do esporte são baseados em playoffs. Essa é a nossa identidade.”

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O que o rebaixamento mudaria na Major League Soccer?

O comentário reacende a velha discussão entre o sistema aberto — típico de ligas como a Premier League e o Brasileirão — e o sistema fechado que vigora nos Estados Unidos e fez da MLS o sucesso que é hoje.

Para defensores do pro/rel, a falta de acesso a divisões superiores limita a competitividade e limita as equipes aos maiores mercados e, claro, impossibilita o crescimento orgânico do esporte pelas áreas mais remotas do país.

E mesmo cidades como Indianápolis, Phoenix e mesmo Tampa, a última, que até já abrigou o extinto Mutiny, não têm mais um canal de fácil entrada na Major League Soccer, com suas equipes locais optando por jogar na modesta USL.

Playoffs das outras divisões dos Estados Unidos começam neste final de semana. (Arte: Territorio MLS)
Ao contrário da MLS, a USL oferecerá promoção e rebaixamento a suas equipes. (Arte: Territorio MLS)

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Já para quem pensa como Vermes, o peso dos investimentos e a tradição dos esportes americanos tornam essa mudança inviável, mas preservam uma das maiores virtudes de como o cidadão norte-americano vê o esporte profissional: “There’s always next year” – muitos dizem, ou seja, ano que vem “as coisas poderão ser bem diferentes“.

@celsoliveira_
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Celso Oliveira é correspondente do Los Angeles FC, na Califórnia e atual líder do projeto Territorio MLS. Fotos e videos pelos campos da Major League Soccer

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