quinta-feira, abril 18, 2024
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Coluna do Guga: BeNeLiga é um recado positivo para fusão entre MLS e Liga MX

Na nona edição da ”Coluna do Guga”, assinada pelo Jornalista Gustavo Demétrio, o leitor terá a análise sobre o movimento de criação de uma liga conjunta entre Holanda e Bélgica, que daria um combustível extra para ideia de fusão entre Major League Soccer e Liga Mexicana

Na última quarta-feira (17), todos os 18 clubes da primeira divisão do Campeonato Belga votaram a favor da possibilidade de criação de uma liga conjunta com os holandeses, que por outro lado ainda não definiram seu posicionamento oficialmente em relação a isso. Esta ideia não é nova, há pelo menos dois anos já vem sendo discutida entre os 11 principais clubes dos países, que inclusive já tem conversas avançadas com a UEFA, entidade que deve dar o crivo em decisões como essa. As receitas da possível BeNeLiga girariam em torno de £1,3 bilhões (euros), um aumento de mais de 100% em relação as ligas hoje separadas, a Eredivisie e a Pro League, segundo estudo feito pelos times.

Este movimento, mesmo que futuramente não se concretize, é uma sinalização aos clubes da Major League Soccer e Liga MX, que nos últimos anos avivaram o interesse mútuo de criar um campeonato em conjunto, porque além da parte jurídica já ganhar um precedente, pelo menos a nível de estudo e sondagens com as principais entidades reguladoras, a ideia ganha força e embasamento.

Vale ressaltar que já existem competições organizadas pelas duas ligas, como a Campeones Cup, criada em 2019, que coloca frente a frente o campeão americano com o mexicano, além da Leagues Cup, criada em 2019, que une quatro times de cada país. Os dois torneios são anuais e não aconteceram em 2020, devido à Pandemia de COVID-19, mas retornarão em 2021, deixando claro que não são fins em si mesmos, mas apenas o começo da materialização dos interesses dos cartolas dos países vizinhos para darem o passo adiante no que pode unir dois dos torneios com maior potencial financeiro do mundo. Essas competições são uma espécie de laboratório para o objetivo maior.

(Enrique Bonilla, então presidente da Liga MX e Don Garber, comissário da MLS/ Foto: Reprodução/ Site MLS)

No entanto, algo além da pandemia freou um pouco estes experimentos: a CONCACAF. A entidade máxima do futebol das Américas do Norte e Central, que seria uma das maiores prejudicadas com a fusão de MLS e Liga MX, pelo esvaziamento da sua Champions League, usou de seu principal produto para ”reconquistar” a atratividade desses países. Em fevereiro, a confederação anunciou que a partir de 2023, a competição continental passará a ter mais clubes, uma fase de grupos e jogos regionalizados, separando os times pela proximidade. Ou seja, Estados Unidos, México e Canadá num braço da competição e o restante dos times de outros países em diferentes ramificações. Este movimento aumenta a frequência de partidas entre americanos e mexicanos consideravelmente. Uma jogada de mestre (e necessária) da entidade.

Porém, os problemas não estão resolvidos, apesar deste ”cala a boca” da CONCACAF. A cultura do esporte americano, incluindo a realidade do futebol por lá, intrinsecamente tem a tendência da valorização (até exacerbada em alguns casos) do produto nacional. Por exemplo, os campeões da NBA, NHL e NFL são chamados também de campeões do mundo e o que está fora disso não é considerado, o que eventualmente não retrata a realidade. Obviamente, isto no soccer não é totalmente aplicável, afinal um time vencedor da MLS Cup não é intitulado da mesma forma, todavia, em algum grau, o desinteresse pelo que está além da realidade norte-americana da MLS, é percebido, no sentido do apelo dos fãs na própria Champions League. Tirando casos específicos de clubes que estão localizados em cidades com relevante massa de imigrantes mexicanos ou descendentes, há um apelo menor de forma geral pela competição. E, claro, também existe o exemplo de clubes como o Montréal, que por terem feito o maior jogo de sua história à nível continental, os torcedores, aí sim, tem uma escalada em relação ao torneio. Em outras palavras, a massa das torcidas encararia a nova Champions League com uma recepção parecida ao que já vem acontecendo.

Outro aspecto nisso é também o calendário para os americanos, o mata-mata da ConcaChampions continuaria no pior momento para os times do país, que é o de mesmo antes da pré-temporada, no começo do ano, o que é um problema que inúmeras vezes já prejudicou certos times durante o restante do ano. Toronto FC e Sporting KC, duas das equipes mais fortes da MLS nos últimos anos, quando disputaram a competição, não conseguiram vaga nos playoffs, respectivamente em 2018 e 2019, sendo que nos anos anteriores foram os líderes de suas conferências, evidenciando a clara perda física ocasionada por jogar naquele período.

Essas são lacunas em uma liga em conjunto com os mexicanos não existiriam, e por isso maximizariam a competição, porque o calendário seria o melhor possível para os clubes e a cultura poderia ver que a participação do vizinhos latinos seria um ”apêndice de luxo” igual há com os canadenses em diversas outras modalidades, inclusive na própria MLS.

E para os mexicanos, que já deixaram de ter acesso e rebaixamento em seu campeonato nacional, o apoio irrestrito aos americanos não seria tão distante, e vice-versa, afinal eles também têm suas lacunas com o torneio da CONCACAF.

O que resta saber, agora, é quando isso acontecerá, e se a Copa do Mundo de 2026, que terá sede também em EUA e México, será o marco para essa realocação.

(Capa: Arte Território MLS)

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