Clima de Libertadores, “Favela chegou”: Detalhes da classificação do Orlando City

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Twitter/Orlando City

Na tarde de último sábado (21), o Orlando City jogou seu primeiro jogo de playoff na história e conseguiu se classificar para as semifinais da Conferência Leste, que dá ao campeão vaga na grande decisão da liga, a MLS Cup.

A partida foi contra o rival New York City, equipe que estreou junto com o time da Flórida na liga, em 2015, e que por isso, competem entre si para ver quem terá mais sucesso como franquia na MLS.

E, para quem acha que na MLS não tem competição, a partida apresentou um verdadeiro “clima de Libertadores”. Em campo, ficou claro, até para que acompanha pouco à liga, que as duas esquipes estavam lutando por cada centímetro do gramado como se fosse o último.

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Antonio Carlos foi um dos líderes da equipe em campo e também um dos melhores na partida. (Imago Images).

E não é para menos: Com tantos sul-americanos em campo, o clima da decisão não poderia ter sido outro. Quem acompanhou o jogo viu muita catimba, pressão na arbitragem (que estava perdida), empurra empurra e, claro, um bom futebol.

O jogo não foi tecnicamente brilhante, já que com tudo o que foi dito acima, a técnica acaba ficando um pouco de lado. Mas pudemos acompanhar grandes jogadas, principalmente pelos lados do New York City, obrigando o ótimo goleiro Pedro Gallese, da seleção do Peru, a operar, pelo menos, três milagres.

Na reta final do segundo tempo, quando o brasileiro Ruan foi corretamente expulso após acertar uma solada em Mackay-Steven, o Orlando City precisou se privar de tentar jogar, como gosta de fazer, e se defendeu como pôde.

Por incrível que pareça, o time sofreu menos com 10 jogadores do que com 11 e teve chances até de ganhar o jogo no tempo normal, mas o canadense Akindele perdeu um gol debaixo das traves no último lance do tempo regulamentar.

Na prorrogação, o técnico Ronny Deila, do City, fez alterações questionáveis e piorou sua equipe, o que de fato facilitou a vida do time da casa em segurar o duelo para os penaltis.

Na hora das penalidades, o Orlando City tinha garotos em campo e um time exaurido, enquanto o NYCFC, que jogou 45 minutos com um a mais, entrava mais inteiro na disputa. Só que os Lions contavam com goleiro Gallese, em tarde inspirada, e ele de fato faria a diferença, mas não como todos imaginavam.

Enquanto isso, Ruan, aos prantos, sequer assistia a partida nos vestiários, pensando que poderia ter colocado por água abaixo a classificação de sua equipe. Na hora das cobranças, o craque do City, Medina, desperdiçou a primeira cobrança e, Castellanos, o outro jogador de referência do City, também perdeu penalti que daria a classificação ao Orlando.

Neste momento, o técnico Óscar Pareja disparou rumo aos vestiários. Segundo ele, para consolar Ruan, demonstrando um verdadeiro espirito de liderança. Liderança essa que mudou a cara da franquia.

Porém, ao defender a cobrança de Castellanos, Gallese se adiantou MILIMETROS e o VAR mandou a cobrança voltar. Seguindo a regra (que é absurda), o juiz expulsou o goleiro do Peru, para desespero dos torcedores em Orlando.

O zagueiro Schlegel, que havia entrado no segundo tempo, foi para o gol e não conseguiu defender a cobrança. Bastava o capitão Nani converter e o Orlando estaria classificado. O goleiro Johnson, do New York City, defendeu e levou a disputa para as cobranças alternadas.

Nas alternadas, todo mundo foi fazendo, até que Thórarinsson, do NYC, teve sua cobrança defendida pelo goleiro/zagueiro Schlegel. O Exploria Stadium explodiu em comemoração. Óscar Pareja disse, após o jogo, que não existia nenhum plano para que ele fosse pro gol. O zagueiro argentino foi quem, prontamente, se ofereceu.

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Zagueiro Schlegel defende cobrança nas penalidades e salva Orlando City. (Twitter/MLS)

Bastava então que o amuleto do time, Benji Michel, garoto revelado pelo Orlando e que esteve nas arquibancadas há cinco anos atrás vendo a estréia de Kaká na equipe, convertesse. Demonstrando personalidade, o garoto fez o gol e deu ao Orlando City a merecida classificação.

Merecida porque, se não foi melhor durante o jogo, e de fato não foi, o Orlando demonstrou algo que a até esta temporada não tinha demonstrado: Espirito vencedor, lutador, guerreiro. O time não se entrega diante das adversidades e vem, partida após partida, construindo uma nova história.

O time agora terá um novo capítulo pela frente e que pode ser decisivo para a história do clube: A semifinal da Conferência Leste. Os Lions aguardam o vencedor de Revolution e Philadelphia Union, que jogam na Philadelphia na próxima terça (24). Quem passar, encara o Orlando City.

E por mais que o Union, favorito, se classifique, o jogo de ontem deixou uma mensagem, apesar do capitão Nani ter dito que não: Vencer o Orlando City, que só perdeu cinco jogos no ano, não é uma tarefa fácil.

E com tantos sul-americanos do lado do Union, caso o duelo se confirme, podemos esperar um novo “clima de Libertadores” na MLS.

ORLANDO CHEGOU

Nos vestiários, os jogadores comemoraram ao som da funkeira Ludmilla, parodiando o “Favela Chegou” para “Orlando Chegou”.

MELHORES MOMENTOS

(Capa: Twitter/Orlando City)