Jornalista, Pedro Luis Cuenca acompanha a MLS desde São Paulo e trará sua visão sobre a liga em uma coluna semanal
Depois de um tempo ausente, voltei ao Território MLS e com uma nova coluna semanal. Para quem não acompanhava o site anos atrás, nunca escondi que tenho carinho por causa todos os times da liga, mas que minha torcida é mesmo pelo Chicago Fire. E decidi voltar chutando a porta para falar desse time que tanto me irrita.
Na MLS, é raro vermos uma franquia ser coadjuvante por muito tempo. Seja pela alta rotatividade da liga, que faz com que os clubes se movimentem com frequência, seja pelas contratações que são feitas. Se olharmos para a tabela, contamos dois ou três times que ninguém lembra da existência. O Chicago Fire, de antigo renome, virou um desses esquecidos.
Campeão da MLS Cup em 1998 e da Supporters’ Shield em 2003, o Fire ainda é tetracampeão da US Open Cup. Se olharmos esse currículo, é uma equipe de respeito, que merece ser venerada dentro da liga. Tudo isso, porém, ficou no passado bem distante.
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De 2013 pra cá, o Chicago Fire esteve uma única vez nos playoffs, em 2017, quando teve o comando do veterano Bastian Schweinsteiger e viu o húngaro atacante Nemanja Nikolic ter uma temporada abençoada – quando foi artilheiro da MLS. Mesmo com o terceiro lugar na temporada regular, o time sucumbiu em casa nos playofss, goleado por 4 a 0 pelo New York Red Bulls.
Nos últimos anos, na classificação geral, pouco foi feito para evoluir. Desde a breve aparição nos playoffs, o melhor resultado do time o 17º lugar em 2019. Na atual temporada, ocupa a última posição na Conferência Leste e no geral. Com méritos, convenhamos.
O fiasco do último sábado (9), quando fez 2 a 0 contra o rival Columbus Crew em casa, mas cedeu a virada, foi só mais um para a coleção de Chicago nos anos recentes. Ser saco de pancada virou rotina para um clube anteriormente acostumado com conquistas e aparições em playoffs.
Chicago parece mais preocupado em mudar o escudo, com diversas trocas nos últimos anos; em mudar de estádio, ficando no Soldier Field, mas ainda sem cativar a torcida local; e trocar de técnicos que não inspiram confiança. Aliás, coitados dos treinadores, são os que menos possuem culpa nessa bagunça.
Joe Mansueto, dono da franquia, é um bilionário que parece usar o clube como diversão ocasional. Enquanto ele não encontrar um diretor que saiba de fato montar uma equipe, nada vai mudar em Chicago. Um exemplo é o elenco atual, cheio de jogadores aleatórios e que tem Xherdan Shaqiri, que só amargava a reserva na Europa, como grande nome. Kacper Przybylko deve estar arrependido de ter saído das vitórias no Philadelphia Union para sofrer no fraco ataque do Fire.
No fim, o grande destaque do elenco é o goleiro, um sintoma de equipe que não sabe se defender. A sorte é que o jovem Gabriel Slonina, de apenas 18 anos, parece ser o futuro da seleção americana, mas não do Chicago. Com grandes atuações, já é procurado por diversas equipes da Europa e não deve durar muito mais na MLS.
Saídas, aliás, parecem normais no Chicago Fire. Como torcedor, a que mais me doeu foi a de Djordje Mihailovic no fim de 2020, com destino ao CF Montréal. Lá, com apenas 23 anos, floresceu e está na lista dos melhores da atual temporada, brigando pelo posto de MVP. Tudo porque não há comando, não há alguém que entenda de futebol em Chicago, porque não há esforço para recuperar uma franquia que já foi grande e hoje sofre no fim da tabela.
(Reprodução/Twitter/Chicago Fire)