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Coluna do Guga: Paciência com Miguel Ángel Ramírez no Charlotte FC

Na 23ª edição da Coluna do Guga, assinada pelo Jornalista Gustavo Demétrio, o leitor terá a opinião sobre o futuro técnico do Charlotte FC, Miguel Ángel Ramírez, ex-Internacional/BRA

Há quatro meses, na já longínqua oitava edição desta coluna, fiz um paralelo entre o ”Guardiolismo”, estilo de jogo revolucionário e consagrado por Pep Guardiola, e Doménec Torrent, personagem principal no artigo, que foi auxiliar do catalão por muito tempo, em muitos clubes, e com passagens tanto pela Major League Soccer, no New York City, e pelo Brasileirão, no Flamengo/BRA, como treinador principal, duas situações utilizadas por mim como pano de fundo para uma discussão maior.

Naquele texto, ressaltei a dificuldade na implementação deste estilo de jogo na MLS e no Campeonato Brasileiro, destacando as similaridades do trabalho de Torrent em Nova Iorque e no Rio de Janeiro. Cheguei a conclusão ali de que nos dois países há uma cultura futebolística de formação de atletas que quando vai ao encontro com esta forma de jogo, considerada mecanizada, rigorosamente treinada nos mínimos detalhes, acaba gerando uma ”incompatibilidade”.

Da data de publicação para cá, muitas coisas aconteceram, entre elas Gabriel Heinze no Atlanta United, que também é adepto deste ”jogo de posição”, pilar desta escola do futebol, e agora, mais recentemente, Miguel Ángel Ramírez acertando com o Charlotte FC, para ser o primeiro técnico da história do clube, outro discípulo desta filosofia.

(Foto: Reprodução/Internacional)
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O treinador espanhol ex-Internacional/BRA não teve vida nada fácil em sua passagem por Porto Alegre. O time gaúcho, que além de ter rendido seu máximo nas mão do extremo oposto do estilo de futebol dele, Abel Braga, esbarrou nesta incompatibilidade também. ”Time lento”, ‘jogadores distantes uns dos outros”, ”falta de profundidade”, entre outros, foram os sintomas declamados nas mídias que cobrem o colorado do sul do Brasil.

Os motivos para isso, expus na coluna já citada, mas simplificando aos novos leitores, isso aconteceu no Inter – e em times em contextos parecidos de campeonato e mão de obra, porque os jogadores precisam estar completamente entendidos do jogo de posição, que está relacionado a partir de onde a bola se encontra em determinado setor do campo. Se a bola vem pelo lado esquerdo, com o lateral, que é destro, eu, o centroavante, preciso fazer tal movimento para que os espaços sejam abertos e as jogadas construídas. Se a bola vem pelo mesmo lado, mas com a diferença de que seja o ponta esquerda, que é canhoto, o camisa nove já vai ter que adotar outra postura de compreensão e movimentos para esta jogada. Por isso, é chamado de um ”jogo matemático”, ”rígido”.

Tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, o estilo de jogo consagrado e já entranhado na cultura não só dos atletas, mas de quem analisa futebol, é algo bem mais intuitivo. Jorge Jesus no Flamengo, por exemplo. A capacidade que o português teve foi senão a de entender que os jogadores aqui estão ”programados” para outro forma, de mais aproximação e toques curtos, exemplificando de uma forma grosseira os aspectos deste outro estilo.

Nos Estados Unidos, o trabalho que Tata Martino fez em Atlanta é também um exemplo bom para o entendimento. O Argentino, como Jesus, procurava chegar ao gol adversário por outras formas e mecanismos, diferente do já citado Gabriel Heinze, que atualmente, na campanha da MLS, também tem seu trabalho questionado com os mesmos adjetivos proferidos a Ramírez em época de Inter.

E este universo não é restrito somente nesses nomes. Na MLS, Matías Almeyda, outro adepto do jogo posicional, também sofre, e como ele já está há maior tempo no cargo, acumula algumas temporadas pífias.

É por isso que há de se ter muita paciência com Miguel Ángel Ramírez. A recepção de sua contratação foi muito boa, até empolgante porque ele já é um técnico de renome, que se junta ao Charlotte FC, que é um time muito ambicioso e já contratou ótimos jogadores até aqui. Porém, o cerne está em não colocar expectativas distorcidas, que partem de bases erradas, para que eventualmente, quando houver – e deve haver – algum percurso no trabalho dele na liga, que não seja julgado com as premissas equivocadas. Isso também serve para os outros técnicos relacionados a cima.

(Capa: Reprodução/Twitter Charlotte FC)

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