Em sua terceira temporada na MLS, o Nashville SC, com um investimento tímido, já mostra grandiosidade nos gramados
Nos Estados Unidos, no estado do Tennessee, na capital Nashville, e no do centro de treinamento na Currey Ingram Academy, uma verdadeira ideologia reina em um dos mais novos clubes da MLS: Sucesso com pouco investimento.
O início
Em suas três temporada, o Nashville, com média de salário mediano, conseguiu montar um time interessante que pôde bater de frente com as principais franquias da liga. O time do Tennessee, é a quinta franquia na história a chegar aos playoffs em suas duas primeiras temporadas e mais uma vez está na zona de classificação da conferência brigando por uma vaga nos playoffs de 2022.
Antes disso, o time comandado pelo inglês, e campeão da MLS CUP como técnico do Colorado Rapids em 2010, Gary Smith, alcançou a terceira posição da Conferência Leste na temporada passada depois de terminar apenas com quatro derrotas. Sendo o menor número de derrotas de um time na até então atual temporada. Nem o atual campeão da Supporters Shield, New England Revolution, conseguiu tal feito na liga.
As duas primeiras incríveis temporadas do Nashville, levou o time a se juntar com os sucessos do Chicago Fire de 1997 e 1998, o Seattle Sounders de 2008 e 2009, Atlanta United 2016 e 2017 e o LAFC de 2018 e 2019. Mas diferente do Nashville, vale lembrar que todos esses times fizeram contratações com cifras enormes e abriram os cofres para alcançar tal feito na liga. LAFC e Atlanta ficaram no top 5 das equipes que mais gastaram na sua primeira temporada na MLS. Até hoje, o time que mais gastou na sua temporada inaugural foi o LAFC, gastando cerca de US$ 13,4 milhões de dólares na época trazendo nomes como Carlos Vela e Diego Rossi.
Bom e barato
Já o Nashville teve uma ideia totalmente diferente dessas outras equipes. Com o General Manager, Mike Jacobs e Ian Ayre, ex CEO do Liverpool/ING, no comando, a ideia de qual time eles queriam montar foi criando corpo com o decorrer do tempo.
Nota-se que ambos queriam que o time fosse competidor e que contasse com uma pitada de experiência da liga e que fosse forte na linha defensiva. Para isso, eles apostaram em jogadores com conhecimento na liga, como Dax McCarty, CJ Sapong e o zagueiro Walker Zimmerman, considerado por muitos como o melhor zagueiro da liga, para aplicar a ideia de “Um clube difícil de ser batido mesmo com pouco investimento.” A ideia foi tanto que a equipe em 2020 gastou menos de US$ 10 milhões de dólares em contratações e alcançou a semi-final da Conferência Leste. Na temporada passada, o time ficou na décima segunda posição no ranking dos salários sem nenhum jogador no top 30 dos mais bem pagos da MLS.
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Mas, a ideia de gastar pouco e ter resultados não é porque a equipe não tem o cachê para fazer grandes investimentos. O proprietário do Nashville SC, John Ingram, tem uma fortuna estimada na casa dos US$ 4 bilhões. Para efeitos de comparação, Arthur Blank, dono do Atlanta United, tem um montante estimado no patamar dos US$ 6 bilhões. E conhecemos bem os feitos do bilionário da Geórgia.
A verdade é que o sucesso se deu muito por conta de uma ótima equipe de dirigentes. O CEO, Ian Ayre, que foi responsável por contratar Roberto Firmino e Luís Suarez na época do Liverpool, o técnico, Gary Smith, o diretor de scouting, Chance Myers, o diretor de análise, Oliver Miller-Farrell e a gerente geral assistente, Ally Mackey, compõe juntamente com o gerente geral Mike Jacobs, o cérebro da ideologia que a equipe criou e vem colhendo frutos.
Obviamente, como qualquer outro time, existem alguns equívocos nas contratações. Aké Loba que custou US$ 6,8 milhões e o jovem uruguaio Rodrigo Pineiro que custou US$ 1,6 milhões aos cofres do Nash não demonstraram em campo o valor pago pelo time do Tennesse. Ao contrário disso, jogadores como CJ Sapong e Alex Muyl que custaram um valor bem abaixo vem mostrando bons resultados em campo. Com isso, Rodrigo foi emprestado e Aké, que chegou para ser o homem de referência do time juntamente com Hany Mukhtar, agora está esquentando o banco de reservas.
A ideia de gastar pouco e focar em contratações de jogadores que conhecem a liga e que sejam americanos e que mostram na prática que dá resultado alimenta ainda mais essa ideologia do Nashville de que eles estão no caminho certo e que vale a pena investir nessa ideologia.
Dos 30 jogadores do elenco, 19 são americanos com experiência na liga, casos do zagueiro Romney, o lateral Lovitz, que atuou no Toronto FC e no CF Montreal, além do goleiro Joe Willis bicampeão da US Open Cup com o DC United em 2013 e, por último, com Houston Dynamo. Na janela de transferências, a equipe demonstrou esta ideologia mais uma vez ao contratar Teal Burnubry, Ethan Zubam, Sean Davis e agora Shaq Moore, que custou US$ 2 milhões e chega para substituir o canadense Alistair Johnston, que foi vendido para o CF Montreal.
Com a casa sempre cheia, com media de público de 28 mil pessoas, a temporada de 2022 não começou com o pé direito para o time de Gary Smith. O time, que fez sua estreia na Conferência Oeste este ano e, em maio inaugurou o Geodis Park, oscilou muito e demorou para engatar uma boa sequência de vitórias e mostrar na prática o favoritismo na conferência. Em 22 jogos, o retrospecto mostra oito vitórias, sete empates e sete derrotas. Mesmo com uma atuação oscilante, a equipe se encontra na zona de classificação para os playoffs com diferença de apenas três pontos para o terceiro colocado.
2022 é a terceira temporada do Nashville Soccer Club. Para um clube tão novo, fundado por pessoas comuns de Nashville, vários feitos já foram alcançados e será questão de pouco tempo para o time conseguir a sua primeira taça com uma ideologia implantada de ser bem admirada e exemplar.
(Capa: Reprodução/ Nashville SC)