Projeto ambicioso de empresário mineiro pode colher frutos tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos
Massachusetts é um estado que respira futebol. Seja no football ou no soccer, a região desenvolveu amor pelo esporte, principalmente graças aos investimentos do bilionário Robert Kraft, dono do New England Patriots, da NFL, desde 1994, e o New England Revolution, da MLS, fundado dois anos depois. No entanto, essa soberania individual de quase 30 anos pode estar chegando ao fim.
Fundado por um empresário brasileiro, o Boston City FC busca se consolidar como uma potência em solo norte-americano. Em entrevista exclusiva ao Território MLS, o CEO do clube, Renato Valentim, contou um pouco sobre a história da equipe, metodologia, objetivos futuros, além da relação com a franquia brasileira, o Boston City Brasil, localizado na cidade de Manhuaçu, em Minas Gerais.
Primeiros passos no futebol
“Moro nos Estados Unidos há 25 anos, e por aqui possuo diversos negócios. E em 2014, eu tinha um projeto para iniciar um clube de futebol aqui em Boston, o mais próximo é o New England Evolution. Então, veio a ideia de iniciar o projeto do Boston City. Em 2015, participamos da 4ª Divisão dos Estados Unidos, e nessa competição ficamos até o ano passado. Aqui nos Estados Unidos, você adquire o direito de participar das ligas, e neste ano, jogamos a USL League Two.”
Boston City Brasil
“Por ser o meu país sempre tive o desejo de criar um clube no Brasil. O futebol nos Estados Unidos está crescendo muito, daqui a pouco tempo será uma das maiores ligas do mundo. Os nossos projetos são a longo prazo, então sabemos que com o tempo ele vai crescendo e evoluindo, com profissionais competentes e outros fatores. Temos essa metodologia de trabalhar com as categorias de base, promovendo intercâmbios, entre o clube brasileiro e o norte-americano.
Em 2018, fundamos o Boston City Brasil em Minas Gerais, focando nas categorias de base também. Nesse primeiro ano, subimos para a 1ª Divisão Estadual Sub-15, como campeões. Mas, a pandemia acabou atrapalhando um pouco o nosso trabalho, agora voltamos fortes, e todas as nossas categorias conseguiram bons desempenhos nos campeonatos do interior.
O sub-20 por exemplo, chegou às quartas-de-final do Estadual, sendo eliminado para o Atlético Mineiro. Caso fôssemos campeões, teríamos direito de participar da Copa São Paulo de Futebol Júnior, o principal torneio de base do país.
Agora, estamos trabalhando para conseguir melhorar o desempenho em 2023. Diferente de outros clubes brasileiros, o Boston City permanece com os atletas o ano inteiro praticamente, para poder preparar os nossos atletas para a temporada. Felizmente, possuímos uma estrutura que já consegue segurar alguns talentos.”
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Desafios com o clube
“O maior desafio de qualquer projeto é conseguir contratar profissionais competentes, não dá pra fazer tudo sozinho, e leva um tempo para adquirir bons nomes para o seu projeto, e felizmente, isso é uma realidade do Boston.”
Estrutura dos times norte-americanos
“Aqui nos Estados Unidos usamos o estádio da prefeitura, e conseguimos alojar alguns atletas, outros já possuem família por aqui. Possuímos um projeto de construir um complexo esportivo tanto aqui quanto no Brasil. No Brasil, inclusive, estamos terminando o CT com capacidade para 140 atletas, 2 gramados sintéticos, e a inauguração será em janeiro de 2023. Temos também um projeto de um estádio com capacidade para 10 mil pessoas, com cinema, restaurante, enfim. Um estádio multiuso fixado no próprio Centro de Treinamento.”
Time profissional
“O profissional disputa a 3ª Divisão do Estadual, caímos na semifinal há pouco tempo. Esse ano não fomos bens, mas a ideia é evoluir e conseguir subir o nível do time para os setores elevados da região. Você tem sucesso, se você gostar do que você faz. Lógico que eu gosto de futebol, mas também enxerguei uma boa oportunidade profissional. Acredito que o crescimento do futebol brasileiro e o norte-americano será positivo para o esporte em si. Com a chegada das SAF´s no Brasil, a modalidade só tende a crescer, se torna mais profissional.”
Diferenças de gestão
“Aqui nos Estados Unidos, a maior dificuldade é trazer um grande número de pessoas para o futebol. O principal objetivo dos jovens aqui é a educação; o foco é nos estudos, e depois pensam no esporte. Não levam tão a sério o esporte na parte de categoria de bases igual é no Brasil”.
Metodologia esportiva
“No Boston City, todas as categorias possuem a mesma filosofia de trabalho até o profissional. A ideia é criar um padrão de jogo que seja mais fácil do jogador conseguir absorver e entender. Prezo muito pelo futebol de alta intensidade, é algo que eu sinto falta no futebol brasileiro quando comparado ao europeu.”
Modelo norte-americano de negócio
“O modelo de negócio americano é espetacular. Eles não gastam mais do que arrecadam, existe um grande planejamento. Eu seguindo o modelo da MLS, posso tornar o Boston City enorme. Isso que a MLS foi criada em 1996, dois anos após a Copa do Mundo realizada aqui nos Estados Unidos. Atualmente, por exemplo, os clubes recebem de cota de televisão algo em torno de US$ 4 bilhões de dólares. A Copa do Brasil pagou R$ 600 milhões. Então com o tempo, a MLS está se tornando mais atrativa do que ligas menores da Europa.”
Como estará o Boston City na Copa de 2026?
“O objetivo é que o clube esteja na USL Championship, chegando na 2ª Divisão nacional”, finalizou Renato.
Capa: (Reprodução/ Instagram Boston City FC)