Na 13ª edição da ”Coluna do Guga”, assinada pelo jornalista Gustavo Demétrio, confira a análise sobre o desenvolvimento do Minnesota United nos últimos anos, que atualmente chegou a um estágio alto de competitividade, mas requer ainda uma evolução
Em meados de 2015, quando o comissário Don Garber anunciou o Minnesota United como a vigésima sétima franquia da história da Major League Soccer, a aparência foi de que os donos do projeto não estavam bem preparados para missão. A equipe que desde 2011 estava jogando a saudosa NASL, deu o salto para o campeonato principal com estruturas físicas ultrapassadas, elenco modesto e técnico que havia feito outra franquia de expansão fracassar em suas primeiras temporadas na liga.
No mesmo ano em que o time de St.Paul foi anunciado, o inglês Adrian Heath comandava o Orlando City, do camisa 10 brasileiro Kaká, em sua estreia na MLS. À época, campanha negativa, com 14 derrotas, 12 vitórias e oito empates, além da não classificação aos playoffs e terceira pior defesa daquele campeonato. Já em 2016, apesar de ter resistido no cargo, Heath não durou muito, apenas 16 jogos, onde teve somente três vitórias. Na temporada, foram 60 gols sofridos, marca que deu ao ”Lions” a pior defesa na liga.
Mesmo assim, William W. McGuire, magnata da saúde nos Estados Unidos e dono da franquia, apostou no treinador inglês.
Quando os ”Loons” entraram em campo oficialmente na temporada 2017, tudo foi um terror. Primeiramente, o estádio que o time jogava, o TCF Bank, era cedido pela Universidade da região, tinha um logo em vermelho e laranja gigantesco no centro do gramado artificial, assim como o nome ”Minnesota” escrito em cada uma das duas áreas nas mesmas cores, sem contar que o local não era especifico para a prática do futebol, mas este argumento podendo ser relativizado, afinal isso é comum aos estreantes na liga. O que não é costumeiro, no entanto, é esta má venda do produto que estava sendo pela primeira vez colocado na principal vitrine do Soccer. Tanto se fala que ”se tem algo que americano sabe fazer é tornar seus eventos um espetáculo”, más faltou combinar combinar com a equipe de marketing do Minnesota United.
Dentro das quatro linhas, tanto em casa quanto fora, baque atrás de baque. A estreia do time que tinha Ibson como principal jogador, foi contra o Portland Timbers, no Providence Park, com derrota por incríveis 5 a 1. No primeiro jogo com seu mando, derrota por 6 a 1, para o ”xará” de mesmo ano de entrada na MLS, Atlanta United, que fez um trabalho totalmente diferente de organização. Além disso, nas quatro primeiras partidas daquela temporada, 18 gols sofridos, e 70 no total em toda disputa, maiores marcas até hoje de qualquer time de expansão da MLS em todos os tempos. A equipe foi a quarta pior campanha da MLS.
Em 2018, no seu segundo ano, e com Adrian Heath resistindo mais uma vez, sem grandes alterações no elenco, outros fracassos. A marca de 70 gols sofridos foi quebrada inacreditavelmente, com o time tendo aumentado isso para 71 na nova temporada, além de terminarem como quinto pior desempenho entre todos os times.
Mesmo assim, novamente Heath permaneceu, pois os dirigentes do Minnesota tiveram a capacidade de compreender que o que foi oferecido ao treinador inglês para realização de seu trabalho seria insuficiente para qualquer um na mesma posição. Esse movimento marcou a divisão da história do clube, que nas temporadas posteriores conseguiu dar um bela reviravolta, finalmente competindo com os outros times de igual para igual.
Em 2019, terceira temporada dos Loons na liga, inauguração do Allianz Field, nova casa da franquia, que a partir daí foi pilar para a subida de rendimento. Primeira classificação aos playoffs da equipe em sua história naquele ano, alcançando a quarta colocação da Conferência Oeste, tendo pela primeira vez uma campanha com mais vitórias que derrotas e mais gols marcados que sofridos. Bons nomes como os do goleiro italiano de muitos anos no futebol inglês, Vito Mannone, do zagueiro Ike Opara que havia sido eleito em 2018 o melhor defensor do campeonato, do experiente meio-campista cubano campeão da MLS Cup com o Seattle Sounders, Osvaldo Alonso, do eslovaco que se consolidou no gigantes dinamarqueses do FC Copenhague, Jan Gregus, foram contratados para montar um ótimo time e ajudar neste processo de reformulação gradual. Nos playoffs, eliminação na primeira rodada para o LA Galaxy de Zlatan Ibrahimovic. Todavia, esperança de poder melhorar mais ainda para 2020.
No novo ano, então, nova classificação ao mata-mata, nova campanha positiva, e de forma inédita a disputa da final da Conferência. Outros reforços também vieram, como o argentino Emanuel Reynoso, ex-Boca Juniors/ARG e a consolidação de atletas como Robin Lod e Kevin Molino, que não eram tão badalados, mas foram cruciais em suas contribuições. Apesar da derrota na final do Oeste e a consequente não classificação para final máxima do futebol norte-americano, o Minnesota United havia se tornado a partir daí um clube que colocaria respeito a qualquer outro, em qualquer jogo, mesmo eles não sendo favoritos, contra outros times específicos.
E aí está a grande ponto, apesar desse desenvolvimento brutal pelo qual passou o clube e o elenco, ainda não é possível colocar o Minnesota como estando na elite dos mais fortes do país. Seattle Sounders, Los Angeles FC, Portland Timbers, Sporting KC, Orlando City, Columbus Crew e Philadelphia Union são times melhores.
Na última sexta-feira (16), a prova disso, os Sounders impuseram um estrondoso 4 a 0. E mesmo com outros reforços para 2021, como a chegada de ”Wanchope” Ábila, ex-Cruzeiro, o Minnesota ainda requer melhorias. Certamente, pelo que já foi contado acima nesta coluna, Adrian Heath terá tempo de desenvolver um novo passo adiante.
(Capa: Reprodução/Site US Soccer)