Opinião TMLS: Impacto de Rooney em um time da liga só esteve atrás do que fez Beckham

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Wayne Rooney anunciou nesta sexta-feira (15) que pendurou as chuteiras após uma carreira profissional de quase 19 anos, um período no qual também pôde mostrar suas qualidades na Major League Soccer.

Sua estadia na liga começou em 2018, quando foi contratado pelo DC United, vindo do Everton/ING, onde tinha atuado por uma temporada.

No clube de Washington, o impacto foi imediato e estrondoso. Aquele grupo de jogadores já havia disputado 16 partidas na Conferência Leste, com apenas três vitórias, quando sua transferência foi anunciada em 28 de junho. Faltando apenas 18 outros jogos para o final daquela temporada regular, uma vaga nos Playoffs era tratada como milagre.

A partir de quando Rooney começou a jogar, o cenário se alterou. Além de garantirem a classificação para pós-temporada, com 11 vitórias, quatro empates e três derrotas, a mentalidade do elenco se revitalizou.

“Ele mudou tudo. Acho que ele mudou a cultura deste clube. Os caras querem jogar para ele. Eles querem mostrar a ele que estão trabalhando da mesma forma que ele”, disse Steve Birnbaum ao Podcast ExtraTime em matéria veiculada pela ESPN. O então capitão do DC United até a chegada do inglês, que herdou a braçadeira ”pediu licença” a Birnbaum para usar a faixa, quando o técnico Ben Olsen decidiu fazer a mudança.

Rooney chegou ao DC United em um momento que o clube passava por grandes mudanças após temporadas de austeridade econômica, com contratações pouco impactantes, campanhas fracas – em 2017, por exemplo, não conseguiram vaga para os Playoffs – além de estar prestes a inaugurar o seu novo estádio, o Audi Field, que simbolizaria este novo momento.

O inglês levou uma equipe com pontuais bons nomes apenas, como Paul Arriola e Luciano Acosta, a sonhar com voos altos na MLS. Não foi uma estrela egoísta, jogou simples, sempre com toques rápidos para acelerar as jogadas, entendeu qual seu papel naquele contexto armado por Ben Olsen. Até nos seus lançamentos espetaculares, quando baixava para jogar no meio-campo, impressionavam pela rapidez de raciocínio e execução.

O craque mais humilde da história da liga ”mudou o jogo”, mas não conseguiu títulos pelo clube. Na ”hora h”, os problemas estruturais que assombravam o DC United nos anos anteriores pesaram em suas costas e o pouco aparato de qualidade ao seu redor fez com que na campanha de conto de fadas de 2018 a derrota viesse, mesmo que no último momento possível, na disputa de penalidades, contra o Columbus Crew, uma das franquias mais organizadas da liga, na primeira rodada dos Playoffs.

Já em 2019, com praticamente os mesmos companheiros, outra conquista de classificação ao mata-mata e outra derrota, desta vez para o Toronto FC, na prorrogação.

Foram 52 jogos pelos rubro-negros, 25 gols, 14 assistências, uma retomada da mentalidade vencedora da franquia com mais títulos na MLS e um brutal impacto de um jogador em um time no campeonato, que só ficou atrás do que David Beckham fez, afinal este mudou não só um clube, mas toda uma forma de encarar este esporte nos Estados Unidos.

(Capa: Reprodução/ USA Today)