Análise da temporada do Seattle Sounders

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(Capa: Reprodução/Twitter Seattle Sounders)

Mais uma temporada terminou com o Seattle Sounders entre as melhores equipes da Major League Soccer. O time chegou à sua quarta MLS Cup em cinco anos, mas perdeu por 3 a 0 para o Columbus Crew e viu o sonho do terceiro título ser adiado. Vamos analisar os pontos positivos e negativos da temporada e entender como a derrota sofrida na final não foi por acaso.

Expectativas para a temporada

A temporada 2020 começou com grandes expectativas em cima de Lodeiro, que domina todas as ações ofensivas da equipe, e Ruidíaz, referência no ataque do time. Ambos tiveram participação importante no ano anterior, quando o Seattle conquistou a MLS Cup vencendo o Toronto FC na final.

Além dos rostos já conhecidos, a grande novidade da franquia foi o meia brasileiro João Paulo, contratado junto ao Botafogo/BRA. A defesa foi o setor que gerou mais dúvidas no início do ano. Arriaga não era uma unanimidade entre os torcedores, principalmente por ter sido expulso em duas partidas consecutivas em 2019. O zagueiro Yeimar Gómez e o lateral Nouhou haviam sido contratados recentemente e, obviamente, não era possível saber se eles poderiam dar conta do recado. Já na lateral direita, Leerdam continuava sendo o nome de referência.

Temporada regular

Durante a temporada regular, pudemos ver um Seattle que, além de ter herdado muitas características do time campeão em 2019, passou a ter mais qualidade no passe com a entrada de João Paulo como meia central.

O técnico Brian Schmetzer costuma adaptar as ações de sua equipe de acordo com o adversário, mas de maneira geral, a forma de atacar e defender continuam a mesma. A formação mais utilizada foi o 4-2-3-1, com os homens de frente pressionando a saída de bola e marcando os defensores adversários. Apesar de João Paulo ter permitido que o time controlasse mais a posse de bola, o Seattle Sounders continuou sendo um time forte no contra-ataque, explorando principalmente a velocidade e força física de Jordan Morris.

No sistema de marcação, o time precisou se adaptar. Gustav Svensson, principal marcador do time no ano anterior, acabou perdendo espeço no time titular após a chegada de João Paulo. Uma das variações de Schmetzer para não ficar tão exposto foi alterar a formação quando o time estava sem a bola. Ao ser atacado, o Seattle alternava seu posicionamento para um 4-4-2 e João Paulo, obviamente, ficava mais recuado. Esse sistema não foi novidade para o meia brasileiro, já que ele viveu uma situação parecida na campanha do Botafogo/BRA na Libertadores em 2017.

Números da equipe em comparação com a temporada anterior:
Temporada: 2019
Gols feitos: 66
Gols sofridos: 52
Jogos: 37

Temporada: 2020
Gols feitos: 49
Gols sofridos: 25
Jogos: 24
Dados: Sofascore

Esses números contam apenas jogos válidos pela temporada regular e playoffs da Major League Soccer. Competições como a US Open Cup e o MLS is Back não estão contabilizados justamente pelo ano atípico de pandemia.

Apesar da quantidade de jogos disputados pela equipe em 2020 ter sido bem menor em relação ao ano anterior, o número de gols sofridos foi baixo e essa estatística corrobora com a boa temporada feita pelo zagueiro Shane O’Neill, que veio do Orlando City no início do ano e foi titular em 19 das 24 disputadas.

Playoffs – Bom início e tropeço no fim

Após se classificar em segundo lugar na Conferência Oeste, o Seattle Sounders enfrentou o LAFC nas quartas de final e mostrou sua força ao vencer por 3 a 1, com gols do trio de ferro: Lodeiro, Ruidíaz e Morris. Na semifinal, enfrentou o FC Dallas e, apesar de ter vencido por apenas 1 a 0, controlou bem o jogo.

A situação começou a mudar de figura quando a equipe enfrentou o Minnesota United na final da Conferência. Apesar de ter vencido por 3 a 2 em uma partida emocionante, a virada começou apenas ao 75’, com Bruin, que havia acabado de entrar.

Ao sofrer o gol, o time do Minnesota parou de jogar, talvez pela falta de experiência ao chegar tão longe nos playoffs. O Seattle se aproveitou da situação e conseguiu virar o jogo. O fato é que o Seattle não teve tantas dificuldades quando enfrentou o LAFC e FC Dallas, duas equipes não tão constantes na temporada. Mas quando jogou contra uma equipe melhor encaixada e com jogadores diferenciados, sofreu para vencer.

Apesar da força do Seattle Sounders nas últimas temporadas, era de se imaginar que o jogo contra o Columbus Crew na MLS Cup não seria fácil. Assim como o Minnesota, o Columbus também tem um estilo de jogo bem definido, além de ter jogadores que desequilibram em todos os setores do campo.

O Seattle teve mais posse de bola, mas quem controlava o jogo era o Columbus. O trio de ferro não apareceu como de costume e com 31’ o jogo já estava 2 a 0 para o time de Ohio. Schmetzer fez alterações logo no início do segundo tempo, mas aos 82’, Zelarayán fez o terceiro gol e sacramentou a vitória do Crew e ao mesmo tempo, a queda do Seattle.

O que vimos nessa final foi um time totalmente desligado desde o apito inicial. As substituições poderiam ter sido feitas ainda na primeira etapa, dada a importância do jogo e a forma como a situação se desenrolava. Schmetzer provavelmente imaginou que a virada pudesse acontecer como no jogo anterior, mas nem sempre “a camisa pesa”, ainda mais quando o adversário também tem história.

O Seattle Sounders pode tirar coisas boas da temporada e se orgulhar de estar novamente entre os times mais fortes, mas Schmetzer terá o trabalho de encontrar novas formas de vencer partidas quando se deparar com placares adversos. Além disso, a franquia deve se atentar ao elenco, já que Morris está sendo frequentemente sondado por equipes da Europa e, apesar de ainda ter contrato com o clube, pode sair num futuro próximo.

(Capa: Reprodução/Twitter Seattle Sounders)