A National Women’s Soccer League (NWSL) volta neste sábado (5), com o início da Fall Series. A Challenge Cup, último torneio realizado pela liga, acabou há pouco mais de um mês. Desde então, as equipes sofreram uma série de mudanças em seus elencos, o que pode tornar essa nova competição uma experiência completamente diferente do que foi vista em Utah.
Inicialmente, a NWSL começaria no dia 18 de abril, com seu término agendado para o dia 14 de novembro. Seriam 24 jogos para cada equipe na temporada regular (12 em casa, 12 fora de casa), mais as playoffs que contam com duas semifinais e uma final. Mas todos os planos foram interrompidos com a pandemia da COVID-19.
Isso fez com que a liga surgisse com uma nova opção para colocar as atletas em campo: um torneio realizado em Utah, entre 27 de junho e 26 de julho, em uma espécie de bolha. Cada equipe jogaria quatro partidas em uma fase regular, e então as oito melhores se classificariam para as quartas de final, e o torneio continuaria até chegar à final. Eventualmente, todos os times se classificaram para as quartas de final, já que um deles não pôde participar da competição. Essa foi a Challenge Cup.
A Challenge Cup terminou sem planos para o futuro. Segundo o The Equalizer, dois dias antes da final, Lisa Baird, a comissária da NWSL, conversou com a mídia em uma chamada no Zoom e comentou sobre a possibilidade da NWSL voltar em 2020:
“Se conseguirmos colocar as jogadoras em segurança em campo, o faremos. Emitimos um comunicado às jogadoras e estamos prontos para voltar ao treinamento. Não tomamos nenhuma decisão sobre nenhum formato de competição neste momento. Isso sempre será orientado por protocolos médicos”
O mercado da NWSL começou a se movimentar. Desde jogadoras que estavam emprestadas aos clubes americanos e que retornaram aos seus times, até contratos renovados e jogadoras dispensadas. Mas o que mais chamou a atenção no período pós Challenge Cup foi a quantidade de jogadoras deixando a liga para buscar oportunidades fora do país, seja por empréstimos de curto ou longo prazo ou até mesmo transferências. Foi uma consequência bastante esperada pelo caminho que a liga decidiu seguir ao optar pelo torneio bolha de um mês.
Jogadoras de seleções, principalmente dos Estados Unidos, começaram o ano representando seus países. A seleção americana, por exemplo, participou do pré-olímpico da CONCACAF entre janeiro e fevereiro. Em março, em uma data FIFA, realizaram a SheBelieves Cup. Algumas jogadoras da liga passaram o inverno americano na Austrália, jogando em times da Westfield W-League. Mas a grande maioria das jogadoras estavam paradas desde o fim da última temporada, em outubro de 2019. Um torneio de um mês não é o suficiente para manter atletas de alto nível preparadas, principalmente em um ano que antecede às Olimpíadas. E sem uma solução, muitas jogadoras decidiram buscar em outros países o que não encontraram na NWSL em 2020.
As transferências que mais chamaram a atenção da mídia e dos fãs foram das jogadoras da seleção americana. Uma parte dessas atletas possui contratos com a US Soccer, a federação de futebol dos EUA. Isso significa que elas não possuem contrato com os clubes, mas sim com a federação, que paga seus salários por jogarem na seleção e na NWSL. Em troca, as jogadoras devem permanecer na NWSL e a negociação para ir à outras equipes fora do país se torna mais complexa. Mas isso não impediu que três jovens talentos (e campeãs do mundo) procurassem ligas europeias para se manter competitivas.
Sam Mewis, do North Carolina Courage, foi o primeiro grande anúncio do mercado da equipe nacional. Mewis assinou um contrato com o Manchester City, da Inglaterra, e deve ficar por lá durante toda a temporada 2020/21. Em seguida veio Emily Sonnett, jogadora do Orlando Pride que ainda não teve sua oportunidade de estrear pelo time, já que ficaram de fora da Challenge Cup após serem confirmados casos de COVID-19 entre jogadoras e membros da equipe técnica. Sonnett foi para o Kopparbergs/Göteborg FC, na Suécia, até o fim do campeonato Sueco, a Damallsvenskan, em novembro.
A terceira grande movimentação foi Rose Lavelle, que após protagonizar a maior transferência interna da NWSL no pós Challenge Cup, quando teve seus direitos adquiridos pelo OL Reign, assinou com o Manchester City para se juntar por um ano ao lado de sua colega Mewis na equipe inglesa.
Ainda há expectativas de que Tobin Heath, do Portland Thorns, e Christen Press, do Utah Royals, sejam anunciadas no Manchester United/ING, nos próximos dias. Julie Foudy, ex jogadora dos EUA e que atualmente faz parte da ESPN americana, chegou a comentar em entrevista que a transferência das duas jogadoras era certa e que só estavam acertando detalhes.
Você confere abaixo todas as jogadoras que deixaram a NWSL após a Challenge Cup até a última sexta-feira (4).
Portland Thorns
Empréstimos:
Celeste Boureille – FC Fleury 91/França
OL Reign
Transferências:
Rose Lavelle – Manchester City/Inglaterra
Adrienne Jordan – UD Granadilla Tenerife/Espanha
Jodie Taylor – Olympique Lyonnais/França
Empréstimos:
Darian Jenkins – FC Girondins de Bourdeaux/França
Jess Fishlock – Reading FC/Inglaterra
Rebecca Quinn – Vittsjö GIK/Suécia
Lauren Barnes – Kristianstads DFF/Suécia
Nicole Momiki – Linköpings FC/Suécia
Machaela George – Fortuna Hjørring A/S/Dinamarca
Utah Royals FC
Empréstimos:
Rachel Corsie – Birmingham City FC/Inglaterra
Gunny Jonsdottir – Valur Women’s Football/Islândia
Chicago Red Stars
Empréstimos:
Rachel Hill – Linköpings FC/Suécia
Cassie Miller – Apollon Ladies FC/Chipre
Emily Boyd – HB Køge/Dinamarca
Makenzy Doniak – HB Køge/Dinamarca
Kayla Sharples to Kuopion Pallesuera/Finlândia
Sky Blue FC
Empréstimos:
Evelyne Viens – Paris FC/França
Nahomi Kawasumi – INAC Kobe/Japão
Elizabeth Eddy – Vittsjö/Suécia
North Carolina Courage
Transferências:
Sam Mewis – Manchester City/Inglaterra
Empréstimos:
Hailie Mace – Kristiandstads DDF/Suécia
Lindsay Agnew – KIF Örebro/Suécia
Houston Dash
Empréstimos:
Rachel Daly – West Ham United FC/Inglaterra
Orlando Pride
Transferências:
Emily Sonnett – Kopparbergs/Göteborg FC/Suécia
Empréstimos:
Taylor Kornieck – MSV Duisburg/Alemanha
Emily Van Egmond – West Ham United/Inglaterra
Alanna Kennedy – Tottenham/Inglaterra
Shelina Zadorsky – Tottenham/Inglaterra
Carson Pickett – Apollon Ladies FC/Chipre
Erin McLeod – Ungmennafélag Stjarnan/Islândia
Ali Riley – FC Rosengård/Suécia
Jade Moore – Atletico de Madrid/Espanha
No sistema em que a NWSL funciona, os times da liga mantém os direitos das jogadoras mesmo que elas se transfiram para outras equipes.
O Orlando Pride é o único time da NWSL que ainda não jogou uma partida competitiva esse ano; como consequência, é o time que até agora lidera em número de jogadoras que buscaram outras equipes pelo resto da temporada 2020. Mesmo podendo participar da Fall Series, será uma competição de apenas quatro jogos, e se torna vantajoso para o time emprestar suas jogadoras para que elas se preparem melhor e ganhem ritmo de jogo antes da temporada 2021.
A Fall Series chegou tarde para algumas jogadoras. Para outras, será mais uma chance de ganhar minutos em 2020. No final do ano, caso aconteça a Westfield W-League, na Austrália, é possível que haja uma grande movimentação para a Oceania. É bastante comum que jogadoras da NWSL façam uma dupla jornada no campeonato australiano, já que ele acontece durante a offseason. Com as equipes impossibilitadas de jogar uma temporada regular com 24 jogos nos EUA, o fluxo de jogadoras para a W-League esse ano pode ser ainda maior.
A Fall Series começa nesse sábado (5), em um jogo de abertura entre Washington Spirit e Sky Blue FC, às 14h (horário de Brasília). A transmissão para o Brasil será realizada, gratuitamente, através do Twitch.
(Foto: Reprodução Instagram/Emily Sonnett)