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Coluna do Guga: Política satélite do NY Red Bulls não deveria ser aceita pela liga

Na última segunda-feira (25), o The Athletic noticiou que a promessa norte-americana do New York Red Bulls, Caden Clark, de apenas 17 anos, está próximo de fechar sua ida para o RB Leipzig/ALE. Na quarta edição da ”Coluna do Guga”, assinada pelo jornalista Gustavo Demétrio, o leitor terá a análise sobre esta transferência, que representa um movimento perigoso para o futuro da franquia nova-iorquina e também para Major League Soccer.

Desde que o RB Leipzig começou a jogar a primeira divisão alemã (Bundesliga) na temporada 2016/2017, o New York Red Bulls contratou 58 atletas vindos do seu time de base na USL Championshiop, o que representa maior número entre todas as franquias da MLS no quesito. Além disso, o clube adquiriu outros 23 jogadores do College Football, através do Draft tradicional nos campeonatos americanos. Ao todo, foram 81 jovens que no período de cinco anos a partir da ascensão do ”primo” alemão assinaram com o time da ”Big Apple”, que no mesmo período saiu de uma conquista do Supporters’ Shield de melhor equipe na temporada regular para uma classificação suada aos Playoffs em 2020.

Tendo um mesmo dono, a gigante da área de bebidas energéticas, a Red Bull, o descenso do time de Nova York e a subida meteórica do time de Leipzig não são movimentos circunstanciais, mas sim programados pela empresa, que torna qualquer outro investimento fora de seu principal projeto um satélite para sempre haver uma reserva considerável de desenvolvimento de jogadores.

Isso fica ainda mais claro quando nesse recorte dos últimos cinco anos, coloca-se também as saídas que houveram no NYRB enfoque, como Dax McCarty, Bradley Wright-Phillips, Kljestan e Luis Robles, da ”turma” dos mais experientes. Eles foram os pilares para construir um dos melhores times da última década na MLS e foram grosseiramente trocados para outros times, quando ainda podiam entregar desempenho aos Red Bulls.

Além disso, existe também a saída de duas categorias de jovens do clube, que são bons exemplos para explicar o desmanche do time:

A primeira, os jogadores que a empresa não julgou com qualidade suficiente para ir ao Leipzig e decidiram vender para equipes de menor expressão da Europa ou para concorrentes diretos na própria liga, como Kemar Lawrence vendido ao Anderlecht/BEL e Etienne Jr negociado ao Columbus Crew, onde inclusive conquistou a MLS Cup marcando na final um gol.

Já a segunda categoria são a dos jovens que claramente sempre tiveram potencial para trilhar carreira na Europa, e por isso era de extrema urgência a antecipação de contratações por parte do Leipzig para que rivais do velho continente não pudessem chegar e fazer oferta. Tyler Adams, que só atuou uma temporada completa pelos Red Bulls e o próprio Clark, motivador do assunto desta semana na coluna e que jogou apenas oito partidas no time principal da MLS, são os melhores exemplos disso.

Outro aspecto importante nesse panorama é dos jogadores que a Red Bull ”empurrou” para que fossem testados no clube, já que nem em Salzburg muito menos na Alemanha eles teriam espaço para mostrar o seu futebol. Omer Damari, Gulbrandsen e mais recentemente Samuel Tetteh, todos com passagem pífia pelos Estados Unidos, foram contratados para não os deixarem sem minutos nos outros times da marca. Tetteh, inclusive, agora está emprestado ao St. Polten/AUS, clube que aparentemente deve ter o mesmo apreço junto a empresa que o NYRB.

Neste cenário, a Major League Soccer como liga e organizadora, não deveria aceitar esta postura claramente secundária que a empresa tem com um time de uma cidade tão importante para o objetivo de desenvolvimento do campeonato. Essa política satélite não é boa para nenhuma das pretensões futuras da liga, que é de se tornar ainda mais relevante dentro do consumo de esportes nos Estados Unidos. Na NBA, NFL, MLB ou NHL não existe ”equipes B” entre os principais times, para isso existem campeonatos menores, como a NBA G League, Minor League Baseball, entre outras. A inércia da liga nos últimos anos não pode continuar perante a isso.

Todavia, na negociação de Clark pode ter surgido uma luz no fim do túnel que representaria uma nova postura da MLS com o New York Red Bulls. A liga, que tem que aprovar qualquer venda ou contratação, não ficou satisfeita com os valores que potencialmente foram oferecidos pelo jovem meio-campista por parte do Leipzig. Em comparação com outras promessas que foram negociadas recentemente por outros times da liga, como Aaronson e Bryan Reynolds, os US$ 3 milhões (dólares) oferecidos são mais de 50% menor do que os jogadores de Philadelphia e Dallas, respectivamente.

E claro, este movimento de oferecer bem menos do que o valor de mercado por atletas de times do mesmo grupo é praxe do time alemão, que segue impune seja pelas Federações Europeias, seja pela CBF no Brasil e, por enquanto, pela MLS. No caso dos Estados Unidos, maior economia neoliberal do mundo, que pressupõe o livre comercio e o futebol não escapa desta situação, isso surpreende bem mais, porque o que a Red Bull faz é o velho conhecido truste.

(Capa: Reprodução/ Site New York Red Bulls)

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