sexta-feira, dezembro 13, 2024
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A Lei do Soccer: descomplicando o Mercado da MLS – Parte 3

O advogado e analista Rafael Martins traz mais um capítulo da coluna A Lei do Soccer, dessa vez explicando sobre o mercado na

Confira Descomplicando o mercado da MLS – Parte 2

A temporada de 2021 da MLS irá começar no próximo dia 16 de abril. Enquanto a bola não rola, os clubes se movimentam para montar seus elencos para a próxima temporada. O mercado de transferência de atletas, oficialmente aberto em 10 março, se mostra bastante movimentado, o que traz uma grande expectativa a respeito da temporada 2021, que tende a ter muita competitividade entre os clubes e uma maior qualidade técnica dentro das quatro linhas.  

Mas além das quatro linhas, para os amantes do Soccer, entender o mercado de da principal liga americana de futebol pode não ser uma tarefa fácil. Slots, Salary Cap, Allocation Money, Discovery list, são termos e conceitos usuais quando falamos sobre montagem de elenco, contratação de atletas e organização financeiras envolvendo times da . O mercado e suas regras são complexos.

Para que se tenha uma ideia, o Jornal Britânico The Guardian publicou uma matéria em março de 2018, destacando que 50% dos atletas que atuavam na Major League Soccer, daquela temporada, não conheciam as principais regras que envolviam uma transferência na MLS.

Mas calma, pensando em simplificar esse “bicho de sete cabeças”, enquanto a liga de 2021 não começa, o Território MLS traz uma série para você que deseja entender as principais regras do mercado de transferências mais complexo do futebol.

Na Parte 2 desta série falamos sobre o Salary cap e as exceções à limitação de gastos impostos pela Major League Soccer. 

Na coluna de hoje, vamos abordar os mecanismos de aquisição de atletas que não estão vinculados a MLS. 

Bem vindo a Parte 3 do “Lei do Soccer: Descomplicando o Mercado”.

Allocation List

O Processo de Alocação é o mecanismo usado para determinar qual clube tem prioridade para adquirir um jogador na Allocation list.  Esta lista estabelece um sistema de classificação, pelo qual a liga determina a posição de cada clube sobre a prioridade na aquisição de determinados jogadores. 

Nesta lista temos; 

  1. jogadores convocados pela seleção masculina dos EUA; 
  1. jogadores selecionados da seleção nacional de base dos EUA e / ou; 
  1. ex-jogadores da MLS que retornaram à Liga, por uma taxa de transferência de saída de $ 500.000 ou mais. 

Esta lista é atualizada uma vez por ano, normalmente após a conclusão da Temporada Regular da MLS. Importante observar que a ordem de alocação é usada para estabelecer igualdade entre as franquias. Por isso, a lista é definida pela ordem inversa da classificação da última temporada da MLS, levando em consideração, inclusive, o desempenho das franquias nos playoffs. 

Importante destacar que os novos clubes, em um processo de expansão, estão sempre no topo da lista.

Após o clube usar sua posição na lista de alocação para adquirir um jogador, este vai para o final da lista. Por fim, cada posição da lista pode ser negociada e ao final de cada temporada da MLS, esta lista é atualizada. 

Draft

Outo sistema de contratação de atletas “fora” da MLS é o draft. 

O draft é o processo de alocação de jogadores em times de uma liga esportiva profissional, no nosso caso a MLS. São quatro rodadas, para um total de 75 seleções de jogadores. 

A maioria dos candidatos a recrutamento são alunos do último ano da faculdade, junto com jogadores Generation Adidas e internacionais não universitários, que também podem integrar a lista de jogadores do Superdraft.  

A ordem do Draft é definida pela ordem inversa da classificação do clube no final da última temporada da MLS, com os novos clubes de expansão no topo da ordem, exatamente como na Allocation list. 

Apenas lembrando a parte 2 desta série; no Draft, o General Allocation Money e os slots de atletas internacionais, podem ser trocados em negociações no draft, desde que todas as regras necessárias em relação ao cumprimento do orçamento salarial sejam atendidas e a negociação seja concluída até o momento do clube realizar sua escolha no draft.  

Por fim, é interessante destacar que o fato de um jogador ser selecionado no Draft, não quer dizer que ele esta contratado pelo clube que o escolheu. O clube, ao selecionar determinado atleta no draft, terá preferência em ter um contrato com o escolhido. Caso este atleta não seja contratado pelo clube, o mesmo é colocado em uma protect list e poderá ser draftado novamente. 

Generation Adidas

O Generation adidas é um projeto conjunto entre a MLS e a USSF (Federação de Futebol dos Estados Unidos), no qual se busca fomentar o desenvolvimento do futebol juvenil no país. O programa permite a jovens assinar um contrato com a MLS sem a necessidade de se graduar em uma universidade e passar pelo draft. 

A principal vantagem das franquias contratarem atletas Generation Adidas, se dá ao fato deles não incorporarem o Salary Cap. 

Assim que entram no programa, os jogadores perdem a elegibilidade para jogar por uma universidade e automaticamente se tornam profissionais, mas ainda assim, o programa garante uma bolsa de estudos, caso o atleta opte em entrar em uma universidade posteriormente.

Por fim, quando um jogador assina um contrato de Generation adidas, este se converte automaticamente em profissional e é colocado a disposição dos 22 clubes da MLS.

Homegrown Player Rule

 A “Homegrown Player Rule” é uma regra criada pela Major League Soccer, que permite que as equipes da MLS contratem jogadores locais de academias de desenvolvimento de base diretamente. Antes da existência da regra, em 2006, todos os jogadores jovens que desejassem ingressar na Major League Soccer teriam que ser designados através do draft.

Em 2007, a Major League Soccer lançou uma nova iniciativa chamada Homegrown Player Rule (Regra do Jogadores “Caseiros”), como forma de incentivar as equipes a investirem em suas academias de formação de base e permitir que estes clubes, que participaram do desenvolvimento do jogador em suas divisões de base retivessem os seus direitos, ao invés de perdê-los para outros clubes em um eventual Draft. 

Importante destacar que os Estados que não possuem a “cobertura” de um time para ocupar a área de Homegrown são chamados de Green States

Assim como no caso de ter um jogador Generation Adidas, a vantagem de ter um jogador Homegrown é a abertura em seu salary cap, pois o jogador Homegrown não entra no teto salarial do clube. 

Para ser considerado um jogador Homegrown, ele precisa: 

  • Residir no território designado do clube;
  • Os jogadores devem ser adicionados à lista de jogadores Homegrown antes de ingressar em uma faculdade que tenha duração de quatro anos. Esses atletas podem manter seu status de Homegrown player durante a faculdade, porém, devem ser registrados como tais antes de ingressar no college. 
  • Os atletas da Seleção Nacional dos Estados Unidos Sub -17, Sub-20 e Sub-23 não podem ser adicionados à lista de Homegrown. No entanto, se um jogador que já possui contrato assinado com determinado clube for convocado, este pode manter esse status posteriormente a sua convocação.

Por fim, para impedir que o jogador entre no SuperDraft da MLS, o clube deve assinar um contrato de Homegrown Player antes da realização do Draft, caso contrário, este atleta poderá ser draftado por qualquer clube. 

Discovery List

A discovery list é uma lista em que cada clube pode colocar 7 jogadores em que somente este clube poderá contratar os referidos jogadores 

Caso determinado clube demonstre interesse em contratar um jogador que está na lista de um outro clube, tem que haver uma negociação com o clube em que o atleta está na lista para que seja iniciado o contato. 

O clube inclusive pode pagar para ter o direito de negociar com este atleta. Por isso este mecanismo pode funcionar também como uma fonte de receita, pois o valor que o clube paga, entra para o “Salary Cap” do clube. 

Conclusão

Como dito na primeira parte desta série, entender que a MLS controla as operações da liga é o ponto de partida para entender este complexo mercado da MLS. Mecanismos como os apontados acima testificam que todos os caminhos que o atleta precisa percorrer até serem contratados por uma franquia, são controlados pela Liga.

(Capa: Reprodução/imago)

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